Votação na ONU sobre cessar-fogo em Gaza adiada “por algumas horas”

Proposta de resolução dos Emirados Árabes Unidos apela à protecção de israelitas e palestinianos e exige a libertação imediata de todos os reféns, mas não condena o ataque do Hamas de 7 de Outubro.

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António Guterres discursou esta sexta-feira perante o Conselho de Segurança da ONU SHANNON STAPLETON/Reuters
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Uma votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas com vista a um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e o Hamas, que estava marcada para esta sexta-feira, foi adiada "por algumas horas". A votação deverá acontecer após uma reunião, em Washington, entre o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e os ministros dos Negócios Estrangeiros de países árabes, da Turquia e da Autoridade Palestiniana.

Os Estados Unidos, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, promete vetar qualquer votação a favor de um cessar-fogo imediato, depois de o órgão ter aprovado, em Novembro, a realização de "pausas" nos bombardeamentos para a entrega de ajuda humanitária ao povo palestiniano.

Israel e os EUA opõem-se a um cessar-fogo imediato por considerarem que o fim dos combates iria ser aproveitado pelo Hamas para se reorganizar. Em alternativa, os EUA apoiam a realização de pausas para proteger os civis palestinianos e possibilitar a libertação de todos os reféns levados pelo Hamas durante o ataque de 7 de Outubro em Israel.

"Os Estados Unidos apoiam com veemência uma paz duradoura, em que ambos os lados possam viver em paz e em segurança, mas não apoiam um cessar-fogo imediato", disse o vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood.

"Isso apenas serviria para plantar as sementes da próxima guerra porque o Hamas não deseja uma paz duradoura", disse Wood num discurso no Conselho de Segurança.

A votação está agora agendada para as 22h30 (17h30 em Nova Iorque) desta sexta-feira, após a reunião entre Blinken e ministros do Egipto, Jordânia, Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Autoridade Palestiniana.

"O Conselho terá hoje uma oportunidade para responder aos apelos ensurdecedores, em todo o mundo, ao fim da violência", disse o vice-embaixador dos Emirados Árabes Unidos na ONU, Mohamed Abushahab.

Para que possa ser adoptada, a resolução tem de ser aprovada por pelo menos nove países e não ter qualquer veto dos cinco membros permanentes — EUA, Rússia, China, França e Reino Unido.

Na manhã desta sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, dirigiu-se ao Conselho de Segurança para alertar para as ameaças globais da guerra na Faixa de Gaza.

"Apelo ao Conselho que não se poupe a esforços para aprovar um cessar-fogo humanitário imediato, para a protecção dos civis e a entrega de ajuda urgente", disse Guterres.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse que havia um cessar-fogo em vigor, que foi violado pelo Hamas a 7 de Outubro.

"A ironia é que a estabilidade regional e a segurança dos israelitas e dos habitantes de Gaza só podem ser alcançadas com a eliminação do Hamas, e nem um minuto antes disso", disse Erdan.

Os EUA propuseram várias emendas à proposta de resolução dos Emirados Árabes Unidos, incluindo uma condenação dos ataques do Hamas, que acabou por não ser incluída no texto final.

Entre as alterações aceites, destacam-se a declaração de que "as populações palestinianas e israelitas têm de ser protegidas de acordo com a lei humanitária internacional" e a "exigência de uma libertação imediata e incondicional de todos os reféns".

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