Lula regressa à ribalta da COP e fala de clima, desigualdade e dos “países que lucram com a guerra”

Na COP28, no Dubai, o presidente do Brasil lembrou que não existem dois planetas Terra e deixou duras palavras sobre países que “lucram com a guerra” sem apostar no combate às desigualdades.

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Fotografia de "família" com o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) no Dubai, a 1 de Dezembro de 2023 Reuters/AMR ALFIKY
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“Quantos líderes estão de facto comprometidos em salvar o planeta?” Foi com uma pergunta retórica que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, abriu o seu discurso na cerimónia de abertura da Cimeira Global da Acção Climática, que marcará os primeiros dias da COP28, a cimeira do clima que este ano tem lugar no Dubai.

Num período marcado por guerras que têm afectado os países ocidentais, Lula da Silva denunciou os milhares de milhões de dólares investidos em armamento, uma quantia que “podia ser investida no combate à fome”. “É inexplicável que a ONU se mostre incapaz de manter a paz simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra”, afirmou.

O presidente brasileiro manteve o foco nas suas principais bandeiras: “O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, de género e de raça. Não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater a desigualdade.”

Recordando a COP15, que teve lugar em Copenhaga, em 2009, quando fracassaram as negociações de um acordo histórico (que viria a acontecer apenas seis anos depois, em Paris), Lula afirma que, ao retornar à presidência do Brasil, constata que “estamos hoje em situação semelhante”, alertando que “o não cumprimento dos compromissos assumidos corrói a credibilidade do regime”.

“Estamos todos obrigados a actuar juntos além das nossas fronteiras”, afirmou o presidente brasileiro, repetindo o mantra da COP: “nenhum país resolverá os seus problemas sozinho”.

O Brasil, afirma, está disposto a liderar pelo exemplo, com provas dadas ao reduzir a desflorestação na Amazónia, ao apostar na “industrialização verde” e na “agricultura de baixo carbono” e ao apostar nas parcerias com outros países amazónicos.

Sem referir que acções o governo pretende levar a cabo no sentido de reduzir a sua pegada de combustíveis fósseis (uma das maiores empresas do país é a petrolífera estatal Petrobras), Lula chamou ainda a atenção para a necessidade de “enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização”, no sentido de uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.

“Temos que o fazer, e de uma forma que seja urgente e justa”, concluiu. “Não existem dois planetas Terra.”

O PÚBLICO viajou a convite da Fundação Oceano Azul

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