A Flor do Lácio celebra a língua portuguesa e estreia-se em single com Navio negreiro

O nome, foram buscá-lo ao conhecido soneto Língua portuguesa, do jornalista e poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918): “Última flor do lácio, inculta e bela/ És, a um tempo, esplendor e sepultura/ Ouro nativo, que na ganga impura/ A bruta mina entre os cascalhos vela.” O primeiro álbum dos A Flor do Lácio, homónimo, foi lançado em Abril deste ano e agora, em Novembro, retiraram dele um primeiro single, Navio negreiro, a partir de um excerto de “O navio negreiro”, do poeta brasileiro (e baiano) Castro Alves (1847-1871), que Caetano Veloso já havia também parcialmente musicado para o seu disco Livro, de 1997, gravando-o com a participação de Maria Bethânia e Carlinhos Brown. Ora Caetano Veloso é um dos nomes que constam do álbum A Flor do Lácio (com Os argonautas e Língua), entre os vários poetas citados, a par de Fernando Pessoa, Luís de Camões, Agostinho Neto, Luandino Vieira, José Craveirinha, Oswald de Andrade, Olavo Bilac, Sophia de Mello Breyner Andresen, Chico Buarque, Natália Correia, Manoel de Barros, Vasco Graça Moura ou Alberto de Lacerda, entre outros.

A escolha do poema de Castro Alves para primeiro single do disco faz jus ao nome deste quarteto formado por André Gago (voz e flauta), Pedro Dias (guitarra portuguesa), João Penedo (viola e contrabaixo) e Carlos Mil-Homens (percussão), que na gravação contou com a participação especial dos Couple Coffee e de Otto Pereira (violino). São eles que o explicam, deste modo, no texto que acompanha a publicação: “A Flor do Lácio edita hoje o seu primeiro single em digital para assinalar e celebrar a recepção da língua portuguesa como especiaria não declarada nos manifestos da carga transportada no bojo das caravelas e dos navios negreiros. Esse património comum e embarcadiço que, como outros bens, foi cultivado em todas as latitudes do mundo, é aqui relembrado através da poesia e dos cancioneiros, com especial relevo para o diálogo entre o Brasil e Portugal. Canções bem conhecidas do público convivem com textos e poemas que as inspiraram, e alguns poemas, porventura menos conhecidos, inspiraram novas canções.”