Cartas ao director

Ouça este artigo
00:00
04:48

Horrores inenarráveis

No PÚBLICO, do pretérito dia 19, um texto da autoria da jornalista Alexandra Lucas Coelho (A.L.C.), intitulado “Zapping com holocausto ou a linha vermelha da Palestina”, mostra-nos, mais uma vez, a situação verdadeiramente horrorosa e pungente que se vive em Gaza, situação para a qual não se descortina solução. A.L.C. descreve-nos os horrores do genocídio do povo palestiniano — que não devia acontecer, mas "estabelecer o limite da violência, em qualquer guerra, é sempre um exercício no fio da navalha. A guerra é uma acção eminentemente violenta (…). Na guerra, reinam os instintos e não os sentimentos, nem a razão” (cito Carlos de Matos e Aniceto Afonso, in Guerra Colonial, Porto Editora, 2020).

Voltando à guerra israelo-palestiniana ou israelo-hamas, refere A.L.C. que se não fossem as redes sociais saberíamos muito pouco do lado palestiniano (...). Os grande media, tais como a CNN, NBC, Financial Times e outros, estão embedded nas tropas israelitas, enquanto do lado dos palestinianos o tempo de antena é muito pouco. Infelizmente, não é para admirar, já que os Estados Unidos e grande parte dos países do Ocidente apoiam Israel. É a pura e dura realpolitik. No entanto, não posso deixar de estar de acordo com A.L.C. e com a sua revolta perante o holocausto e o genocídio do povo palestiniano. Mas que solução, nos intrincados meandros político-diplomáticos, se pode encontrar para esta situação insustentável que se arrasta há muito tempo? A lei do mais forte vem de tempos imemoriais. Pobre daquele que está do lado “errado” do conflito.

António Cândido Miguéis, Vila Real

O investimento em Sines

Excelente artigo de Ricardo Mamede no PUBLICO. Finalmente percebi porque é que uns barracões com computadores têm de ir para Sines — é que a proximidade de muita água para arrefecer os equipamentos é fundamental; e também muita, muita, mesmo muita energia, e para a qual a ideia é obtê-la de forma renovável na vasta planície alentejana que é para ocupar a seu bel-prazer. Isso faz do centro de dados uma coisa realmente estratégica ? Parece que não. Países que pesam os prós e os contras destas coisas, torcem o nariz a estes investimentos. Portugal não. E compara isto com a Autoeuropa, uma comparação inacreditável. Eu comparo mais isto com os investimentos feitos pelos suecos na fábrica de pasta de papel na Figueira da Foz, que é altamente poluente — e lá está, é junto ao mar também. Todos conhecem o cheiro nauseabundo na A1 quando se passa a 30-40km da fábrica (imaginem as populações junto à fábrica ...). Só que esse investimento foi nos anos 70, no Antigo Regime. Agora passaram 50 anos. Não aprendemos nada?

Fernando Vieira, Lisboa

Falta de meios

É lugar-comum nos dias que passam justificar todas as insuficiências com a falta de meios, seja na Saúde, Educação, Justiça, Segurança, Defesa, Segurança Social, etc. Todavia, uma reflexão clarividente e abrangente faz apelo a uma máxima: a de que os recursos são sempre escassos e não abundam, inclusive a nível planetário (...). Vêm estas generalidades a propósito da coluna subscrita por Helena Roseta no PÚBLICO, edição de 19/11, em que, com aparente inocência, mas sábia consciência, pergunta: “Alguém me sabe responder?” Constato que uma arquiteta, citando a lei, estranha não ter sido seguida pelo Ministério Público a norma que atribui à PJ a competência reservada na investigação de determinados crimes, como acontece no processo batizado como “influencer”, utilizando em vez da PJ a PSP.

Como jurista, cabe-me em primeiro lugar saudar uma arquiteta que intui com clareza que o direito serve a sociedade e não o contrário, ou seja, que o direito tal como está plasmado nos textos é para ser interpretado no sentido de servir a sociedade no momento em que é chamado a intervir; em segundo lugar, ainda como jurista, diria à senhora arquiteta que, à luz do direito, só lhe respondo que o direito foi atropelado, desta feita por “excesso de meios” e por recurso ao meio não recomendado. Em terceiro lugar, lamentar que a sua pergunta ainda tenha de ser formulada publicamente para quebrar o silêncio inquietante porquanto a gestão dos meios públicos, com investimentos feitos na sua preparação e na credibilidade por eles conquistada se desperdice. A cidadã pediu e a resposta não cabe a um sindicato, a não ser que se reconheça que é ele que gere os meios.

José Martins de Sá, Portela

Marcelo e Costa

A situação actual é demasiado séria para que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa possam andar a brincar. Onde está o sentido de Estado que ambos diziam defender? Onde mora o interesse superior de Portugal? Afinal Marcelo e Costa são adultos ou crianças mimadas? Tenham juízo e comportem-se como gente crescida, se for possível.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Sugerir correcção
Comentar