O que está a acontecer na Ucrânia? Um ponto de situação

NATO vai intensificar a protecção dos gasodutos e cabos submarinos. Stoltenberg pede mais apoio para a Ucrânia. Ministro alemão diz que UE não cumprirá plano de fornecimento de munições.

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Militares ucranianos passam por um carro em chamas atingido por um drone fora da cidade de Avdiivka, na linha da frente em Donetsk Reuters/RFE/RL/SERHII NUZHNENKO

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, avisou que "os combates intensos continuam" na Ucrânia e "a situação no campo de batalha é difícil", tornando "ainda mais importante" que o apoio à resistência ucraniana se mantenha e intensifique: "Não podemos permitir que o Presidente Putin vença", defendeu o líder da Aliança.

As declarações foram prestadas antes da reunião com os ministros da Defesa dos países da União Europeia marcada para quarta-feira — onde, além do apoio à Ucrânia, a NATO comunicará formalmente aos governantes as alterações à estratégia de protecção de infra-estruturas críticas como os cabos submarinos e os gasodutos, no mar Báltico e nos países vizinhos da Ucrânia.

As preocupações em relação aos sistemas de cabos submarinos surgem após uma suspeita de sabotagem nos gasodutos e cabos de internet entre a Estónia e a Finlândia, motivando um aumento dos navios, aviões e drones destacados pela NATO no local, por parte de um cargueiro chinês. É um episódio a que se juntam os ataques no Nord Stream há um ano.​

Jens Stoltenberg já tinha adiantado que os aliados estão "em vias de criar um novo centro no Comando Marítimo no Reino Unido, para coordenar melhor os esforços dos aliados com os parceiros" — incluindo a União Europeia e o sector privado — para "partilhar melhor a informação e para acelerar o que é preciso fazer para proteger as infra-estruturas submarinas críticas".

UE não deverá cumprir prazos de fornecimento de munições

Boris Pistorius, ministro da Defesa alemão, admitiu que a União Europeia não cumprirá o objectivo de fornecer um milhão de projécteis de artilharia e mísseis à Ucrânia até Março do próximo ano.

Foi a primeira vez que um governante europeu assumiu em público que o prazo não seria cumprido. "É seguro assumir que o objectivo de um milhão de munições [ao longo de três fases] não será atingido", disse aos jornalistas. Josep Borrell, o alto representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, não fez a mesma admissão, recordando apenas que já foram fornecidas 300 mil munições e que a UE se concentra agora na aquisição de mais material à indústria.

O balanço do governante alemão e do chefe da diplomacia europeia chegam numa altura em que Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, repetiu numa mensagem publicada no Telegram que a Rússia está a intensificar os ataques no país. "Os militares relataram um aumento no número de ataques inimigos", sobretudo em Donetsk, Kupiansk e Avdiivka: "O inimigo continua a vingar-se da Kherson livre, bombardeando o centro da cidade sem qualquer necessidade militar".

Noutras notícias, o Kremlin anunciou que as defesas aéreas russas destruíram quatro drones ucranianos em quatro regiões russas — Moscovo, Tambov, Orlov e Bryansk — durante a noite, disse o Ministério da Defesa da Rússia em comunicado. Também há registo de ataques com drones kamikaze em algumas regiões ucranianas, nomeadamente na cidade de Nikopol, onde uma pessoa morreu e outra ficou ferida.

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