José Luís Carneiro candidata-se ao PS para defender “legado do Estado social com contas certas”

O ainda ministro oficializou a sua candidatura a secretário-geral do PS afastando novas “geringonças” e prometendo dialogar “com todos”.

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José Luís Carneiro escolheu a capital do Centro para anunciar a sua candidatura a líder do PS LUSA/PAULO NOVAIS
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José Luís Carneiro oficializou este sábado a sua candidatura à sucessão de António Costa na liderança do PS afirmando que vai defender o "legado do Estado social com contas certas" que marcaram estes últimos oito anos de governação. No discurso que proferiu em Coimbra disse estar “consciente da grandeza do desafio e da magnitude dos problemas" do país, cujas respostas implicam "um sério esforço de concertação entre todos, nos mais variados sectores sociais e institucionais.”

Antes de elencar as razões da sua candidatura, o ainda ministro da Administração Interna justificou a decisão de entrar na corrida interna do PS com a “excepcionalidade do momento” em que é “imprescindível” que o PS “saiba dar, a si próprio e aos portugueses, "uma resposta à altura das suas responsabilidades" como partido o qual "a liberdade, a democracia e o estado de direito são imprescindíveis" e "como partido de governo, para quem os desígnios permanentes do interesse nacional têm de valer e ser preservados acima de quaisquer outros interesses." Foi o mais longe que quis ir para não ignorar totalmente a situação que levou à demissão do primeiro-ministro.

“Candidato-me para, com o Partido Socialista, nos empenharmos em dar respostas às necessidades do país. Sem retóricas inúteis nem voluntarismos inconsequentes, mas com espírito e firmeza e os pés na terra, próprios de quem não ignora que as transformações sustentadas só se alcançam com energia mobilizadora, disponibilidade para o diálogo e capacidade para o compromisso”, declarou o ex-presidente da Câmara de Baião, que de uma forma convicta, se assumiu como um militante do socialismo democrático.

Sublinhou, por outro lado, que se candidata por “um projecto de liderança” que se assuma “na melhor tradição do PS, a do respeito e da preservação da sua identidade e autonomia próprias, de decisão e de estratégia". Sacudiu, assim, alguma nova "geringonça" com os partidos à esquerda do PS, o que o distancia das opções conhecidas de Pedro Nuno Santos, com que se confrontará.

Afastando que esse seja” um espírito isolacionista,” o ministro referiu que "é assim que melhor o PS serve Portugal e os portugueses, pela disponibilidade de comunicar com todos, ouvir todos e poder mobilizar em cada momento as bases políticas e sociais de apoio indispensáveis a uma vida política e institucional que concilie dinâmica com estabilidade, clareza de opções com empenhamentos sustentáveis, governabilidade indispensável com condições de participação democrática para todos.”

Numa intervenção de oito minutos sem direito a perguntas dos jornalistas, o candidato propõe-se “aprofundar e aperfeiçoar” o projecto político e programático apresentado pelo PS aos portugueses, cujo legado “aposta no estado social, numa gestão de contas certas, numa economia dinâmica e em respostas estruturadas aos desafios” de hoje.

O ex-secretário-geral adjunto do PS não se esqueceu de António Costa. Já na parte final do seu discurso manifestou-lhe a sua “muito sincera" homenagem, realçando o legado político de uma vida integralmente devotada ao ideário do PS e centrada na realização do interesse nacional”, e declarou que qualquer outro militante socialista que se candidate terá nele um “camarada fraterno e disponível para o engrandecimento do projecto político, comum, quaisquer que possam ser as diferenças de opinião”.

José Luís Carneiro, que foi chefe de gabinete de Francisco Assis quando este foi líder da bancada parlamentar do PS, vai disputar as eleições directas, marcadas para os dias 15 e 16 de Dezembro, com Pedro Nuno Santos, que na segunda-feira anuncia a sua candidatura.

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