Marcas mundiais comprometem-se a aumentar preços das roupas fabricadas no Bangladesh

Medida visa compensar os salários mais elevados dos trabalhadores. Esta semana, o Governo ordenou um aumento de quase 60% do salário mínimo mensal para 12.500 takas (105,88 euros).

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Os trabalhadores da indústria do vestuário manifestam-se há cerca de duas semanas por um aumento do salário mínimo para 23.000 takas (194,85 euros) Reuters/Mohammad Ponir Hossain

Os retalhistas globais de moda, incluindo a H&M e a Gap, estão empenhadas em aumentar os preços do vestuário fabricado no Bangladesh para ajudar as fábricas a compensar os salários mais elevados dos trabalhadores, informou uma associação sediada nos EUA que representa mais de mil etiquetas.

O Bangladesh é o maior exportador mundial de vestuário, a seguir à China. Esta semana, depois de protestos mortais entre a polícia e os operários, o Governo ordenou um aumento de quase 60% do salário mínimo mensal para 12.500 takas (105,88 euros) a partir de Dezembro, o primeiro aumento em cinco anos, mas aquém do que era pedido pelos trabalhadores, de 23.000 takas (194,85 euros)

Os proprietários das fábricas afirmaram que o aumento do salário, que antecede as eleições gerais de Janeiro, iria afectar as suas margens de lucro, aumentando os custos em 5-6%. A mão-de-obra representa 10-13% dos custos totais de fabrico, segundo estimativas da indústria.

Questionado sobre se iriam aumentar os preços de compra nos 5-6% que os custos irão aumentar, Stephen Lamar, director executivo da American Apparel & Footwear Association (AAFA), disse à Reuters: “Sem dúvida.” E reforçou: “Tal como nós e os nossos membros já reiterámos várias vezes, estamos empenhados em adoptar práticas de compra responsáveis para apoiar os aumentos salariais”, afirmou Lamar por correio electrónico.

“Também renovamos os nossos apelos para a adopção de um mecanismo de revisão anual do salário mínimo, para que os trabalhadores do Bangladesh não sejam prejudicados pela alteração das condições macroeconómicas.”

Os baixos salários ajudaram o Bangladesh a construir a sua indústria de vestuário, que emprega cerca de quatro milhões de pessoas. O vestuário pronto-a-vestir é um dos pilares da economia, representando quase 16% do PIB.

Mesmo após o aumento do salário mínimo, que alguns trabalhadores afirmaram ser demasiado baixo, o Bangladesh fica atrás de outros centros regionais de produção de vestuário, como o Vietname, onde o salário médio mensal é de 257,09 euros, e o Camboja, onde é de 233,72 euros, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho.

No mês passado, vários membros da AAFA, incluindo a Abercrombie & Fitch e a Lululemon, disseram ao primeiro-ministro do Bangladesh, Sheikh Hasina, que queriam que os salários dos trabalhadores aumentassem e que tivessem em conta a inflação, que actualmente é de 9%. A Lamar também escreveu a Hasina em Julho.

Os retalhistas dos Estados Unidos e da Europa são os principais compradores de vestuário fabricado no Bangladesh. Tal como a maioria dos retalhistas de bens de consumo, as empresas de moda debatem-se com inventários elevados e com uma economia global em abrandamento, em que os compradores nos principais mercados estão a comprar menos à medida que sentem o aperto.

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