Senado russo aprova saída do tratado que proíbe testes nucleares

Só falta a assinatura de Vladimir Putin para a Rússia se juntar a uma série de nações, EUA incluídos, que, apesar de terem assinado o tratado, nunca o ratificaram.

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A decisão do Conselho da Federação Russa foi tomada por unanimidade Federation Council of Russia/REUTERS
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A câmara alta do Parlamento russo aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, a rescisão do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, faltando apenas a assinatura de Vladimir Putin para a Rússia abandonar o acordo que ratificou em 2000. O Presidente russo avisara no início deste mês que Moscovo poderia revogar a ratificação do tratado para ficar em pé de igualdade com os Estados Unidos, que assinaram mas nunca ratificaram a proibição de testes nucleares. A câmara baixa do Parlamento russo, a Duma, já tinha votado na semana passada a favor da saída da Rússia.

O CTBT, na sigla em inglês, adoptado em 1996, proíbe a realização de testes nucleares em qualquer parte do mundo, mas o tratado nunca foi plenamente aplicado. Para além dos Estados Unidos, o tratado ainda não foi ratificado pela China, Índia, Paquistão, Israel, Irão, Egipto e Coreia do Norte, esta última a única nação que terá levado a cabo neste século um teste a envolver uma explosão nuclear.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Riabkov disse nesta quarta-feira que Moscovo recebeu propostas de Washington para retomar o diálogo sobre estabilidade estratégica e controlo de armamento, mas advertiu que, no actual ambiente geopolítico, tal não é possível.

“Não estamos preparados para isso, porque o regresso a um diálogo sobre estabilidade estratégica, tal como foi conduzido no passado, é impossível até que os EUA revejam a sua política profundamente hostil em relação à Rússia”, disse Riabkov, citado por agências noticiosas russas.

A Rússia garantiu que não retomará os testes a menos que Washington o faça, mas os especialistas em controlo de armamento afirmam que um teste levado a cabo quer pela Rússia quer pelos EUA poderá desencadear uma nova corrida ao armamento nuclear e à realização de testes por parte de outros países, isto num momento de grande tensão, com guerras na Ucrânia e no Médio Oriente.

A CNN publicou em Setembro imagens de satélite que mostram que Rússia, EUA e China alargaram as suas instalações de ensaios nucleares nos últimos anos. Na semana passada, o Departamento de Energia norte-americano anunciou ter realizado uma explosão química no seu local de testes no Nevada, destinado a “melhorar a capacidade dos EUA de detectar explosões nucleares de baixa potência” em qualquer parte do mundo.

Em declarações aos deputados russos antes da votação desta quarta-feira, Riabkov afirmou que a explosão no Nevada foi, “sem dúvida, um sinal político”.

“Como disse o nosso Presidente, temos de estar alerta e, se os Estados Unidos avançarem para o início dos testes nucleares, teremos de responder da mesma forma”, acrescentou. Ainda assim, referiu, as estações de controlo da Rússia continuarão a fornecer dados à rede mundial de detecção de explosões nucleares.

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