Amazon, Google e Meta desistem da Web Summit após comentários de Paddy Cosgrave sobre Israel

Paddy Cosgrave tinha afirmado na rede social X que “os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados”. Israel já cancelou a participação no evento.

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Paddy Cosgrave, na inauguração da Web Summit em 2022 Reuters/PEDRO NUNES

As gigantes tecnológicas Google e Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, desistiram da Web Summit, depois das declarações do co-fundador do evento, Paddy Cosgrave, em relação ao conflito em Israel.

As empresas confirmaram à agência Bloomberg que não iriam participar no evento, que irá ter lugar em Lisboa em Novembro, juntando-se a outras companhias como a Intel e a Siemens e de apelos por parte de investidores israelitas à conferência. A desistência da Amazon, pelos mesmos motivos, foi conhecida este sábado.

Mas não são apenas os gigantes da tecnologia a bater o pé à conferência de Lisboa. A actriz Gillian Anderson, uma das oradoras convidadas, também anunciou que não vai estar no palco do Altice Arena. A respectiva página de autor já foi retirada do site da Web Summit. A actriz e empresária vinha falar da G Spot, empresa que criou durante a pandemia. Um porta-voz da empresa disse ao Irish Independent que "os valores da empresa não se alinham" com as declarações do responsável pela Web Summit.

Paddy Cosgrave escreveu em 13 de Outubro na rede social X (antigo Twitter) uma publicação que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de empresas tecnológicas israelitas.

"Estou impressionado com a retórica e as acções de tantos líderes e governos ocidentais, com a excepção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são", destacou Paddy Cosgrave.

Depois disso, na terça-feira, Cosgrave pediu desculpas pelas suas declarações relativas ao conflito entre Israel e o Hamas, lamentando não ter transmitido "compaixão", e disse esperar que a paz seja alcançada.

A posição do Cosgrave, que é irlandês, aconteceu um dia depois de o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ter anunciado que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa devido às declarações do co-fundador da Web Summit, que classificou de "ultrajantes".

"Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mau, repugnante e monstruoso ataque do Hamas em 7 de Outubro" e "apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras", começa por dizer Paddy Cosgrave, no blogue da Web Summit.

"Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de se defender, apoio inequivocamente uma solução de dois Estados", mas "compreendo que o que disse, o momento em que disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos", prossegue o co-fundador daquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo.

"Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço profundamente desculpas. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. O meu objectivo é e sempre foi lutar pela paz" e, "em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado", afirma Cosgrave.

Na sua mensagem, recorda que, "tal como tantas figuras a nível mundial", também acredita "que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às convenções de Genebra - ou seja, não cometer crimes de guerra".

O grupo islamita Hamas lançou em 7 de Outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infra-estruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade.

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