Detido homem que terá estado envolvido no ataque com duas mortes em Bruxelas

Homem morreu já sob custódia da polícia, que suspeita de terrorismo. Ataque levou ao cancelamento do jogo entre a Bélgica e a Suécia. Marcelo, em Bruxelas, foi aconselhado a manter-se no hotel.

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Polícia belga no local do ataque Reuters/JOHANNA GERON

As autoridades belgas detiveram um homem esta terça-feira de manhã suspeito de ter estado envolvido no ataque que resultou na morte de duas pessoas de nacionalidade sueca esta segunda-feira em Bruxelas, avançou um porta-voz do Ministério Público Federal, citado pelos jornais belgas.

O homem detido foi atingido a tiro pelas autoridades belgas num café em Schaerbeek, arredores de Bruxelas. Phillippe Close, autarca da cidade, disse à BFMTV que o suspeito foi "neutralizado", mas fonte oficial do Ministério Público não confirmou o estado de saúde do homem. Também não confirma a identidade do suspeito. Já na manhã desta terça-feira, a televisão belga informou que o homem morreu já sob custódia policial.

Segundo o jornal belga Het Laatste Nieuws​, as vítimas do ataque na noite de segunda-feira seriam adeptas da selecção sueca de futebol, que disputava esta noite, com a Bélgica, um jogo da fase de acesso ao Euro 2024. Um vídeo divulgado pela imprensa belga mostra o atacante, envergando um casaco laranja fluorescente, a utilizar uma arma automática e a colocar-se em fuga. Segundo a Reuters, o homem apresentou-se como Abdesalem Al Guilani, "guerreiro de Alá".

Numa conferência de imprensa durante a madrugada, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, tinha adiantado que o atacante seria "um homem de origem tunisina que se encontrava ilegalmente" na Bélgica, diz o Le Parisien. Vincent Van Quickenborne, ministro da Justiça, acrescentou que o suspeito tinha sido condenado "por crimes de delito do direito comum" na Tunísia, mas que não havia denúncias por risco de terrorismo, escreve o Le Monde.

Bélgica — Suécia cancelado, adeptos aconselhados a ficar no estádio

O encontro entre Bélgica e Suécia foi cancelado e os mais de 35.000 espectadores foram aconselhados a permanecer no interior do Estádio Rei Balduíno (o antigo Estádio de Heysel), a cerca de cinco quilómetros do local do tiroteio.

As autoridades belgas investigam o incidente como um presumível acto de terrorismo e Bruxelas está agora sob o nível de alerta de segurança mais elevado, o nível 4. O restante território belga está sob nível 3 de alerta.

"Estamos a acompanhar a situação e pedimos aos residentes de Bruxelas que se mantenham vigilantes", declarou o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, que se reuniu com membros do Governo no centro nacional de crise. "Apresento sinceras condolências aos entes queridos das vítimas deste ataque cobarde", afirmou.

"O coração da Europa foi atingido pela violência", declarou por sua vez o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que também apresentou condolências aos familiares das vítimas. "A Bélgica voltou a ser alvo de um ataque terrorista islamista", disse o Presidente francês, Emmanuel Macron.

Marcelo, em Bruxelas, aconselhado a permanecer no hotel

O Presidente da República, que chegou esta segunda-feira a Bruxelas para uma visita de Estado, até quinta-feira, a convite dos reis dos belgas, foi ao início da noite para o hotel após recomendação das autoridades belgas, na sequência do tiroteio que vitimou dois cidadãos suecos.

“As autoridades competentes entenderam que eu devia seguir directamente para o hotel”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em declarações transmitidas pela RTP3. Estava previsto que o chefe de Estado assistisse ao jogo da selecção portuguesa contra a Bósnia junto da comunidade portuguesa na capital da Bélgica.

Marcelo considerou “prematuro estabelecer ligação” entre o ataque desta segunda-feira na Bélgica e o reacender de um conflito militar no Médio Oriente após o ataque do Hamas contra Israel.

“Parece ser mais uma questão anterior que aparece agora neste momento”, sugeriu o Presidente, notando que a “que este desafio de futebol” entre a Bélgica e a Suécia acabou por “criar objectivamente” a “oportunidade” para este ataque.

“Lamento e já tive ocasião de lamentar a sua majestade por ter ocorrido aqui”, acrescentou, admitindo que em causa poderá estar um “gesto terrorista”.

Professor assassinado em França, Suécia há meses em alerta

Na sexta-feira, um professor morreu e duas outras pessoas ficaram feridas num ataque com faca numa escola secundária de Arras, no Norte de França. O atacante foi detido e a procuradoria nacional contra o terrorismo assumiu a liderança do inquérito judicial.

O atacante foi identificado como Mohammed Moguchkov, um homem com nacionalidade russa de origem tchetchena, antigo aluno do liceu, que terá gritado "Allahu Akbar" ("Alá é grande") durante o ataque. Tem 20 anos e já estava sinalizado por suspeitas de radicalização islamista.

França reforçou então a presença policial e militar nas ruas após o ataque de sexta-feira e, esta noite, intensificou a segurança na fronteira com a Bélgica.

A Suécia, por seu turno, estava desde Agosto sob o segundo nível mais elevado de alerta de terrorismo, na sequência da destruição de exemplares do Corão numa série de actos públicos protagonizados por um refugiado iraquiano, e que resultaram em ameaças por parte de vários grupos radicais islâmicos e em protestos diplomáticos de várias nações árabes.

Notícia actualizada às 9h desta terça-feira com a informação de que o suspeito foi detido e morreu já sob custódia policial.

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