Não “pipi”, mas “pé ante pé”, OE2024 deve ser enriquecido pela “melhor proposta e não o melhor partido”

PS reuniu comissão política nacional: admitiram-se problemas na saúde, educação e habitação, mas defendeu-se que OE2024 dá a resposta possível. E pediu-se atenção ao protesto e ao que corre mal.

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Depois de explicar o OE2024 aos deputados socialistas, António Costa continuou o seu périplo parando na comissão política nacional do PS LUSA/TIAGO PETINGA
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Afastado da discussão do Orçamento do Estado no Parlamento, onde participava sempre no debate e até tentou arranjar um termo para a coligação PSD/CDS, Carlos César defende que os deputados do partido a que preside devem, no processo de especialidade, "escolher a melhor proposta e não o melhor partido" que as faça. E admite que há áreas onde o Governo tem que se esforçar mais, como a saúde.

No final da comissão política nacional, já depois da meia-noite, o presidente socialista afirmou aos jornalistas que o PS e o Governo "não partem para o debate parlamentar com qualquer preconceito contra propostas que ainda não conhecem. Essa disponibilidade e abertura deve ser o centro do debate parlamentar". "Não vale a pena estar na AR para votar a favor ou contra de olhos fechados", acrescentou.

Há um mês, na rentrée política do PS, falando perante os jovens da Academia Socialista, o presidente lembrou que "o PS não é o dono do país nem o único a ter as melhores ideias ou a ter sempre as boas ideias" (termos que repetiu agora), e que deve procurar os "contributos" de outros, numa manifestação da sua "maioridade política". Carlos César considera que o PS e o Governo "têm disponibilidade para, sem quebra do equilíbrio orçamental, aceitar propostas cuja validade lhes pareça justificada".

Carlos César seguiu o caminho que vem sendo trilhado por António Costa e que foi reforçado na estratégia de defesa deste ano do OE: só com "contas certas" o país conseguirá enfrentar problemas no futuro com sucesso como na pandemia e como tem tentado fazer desde o início da guerra na Ucrânia para enfrentar a inflação. "Estamos perante um orçamento que realiza, que se projecta no futuro, mas tem também uma enorme preocupação e acautelamento de situações futuras que poderão não ser tão positivas."

O presidente socialista, que não se coíbe de deixar críticas para dentro do partido, admitiu que na reunião se falou sobre a postura do PS. "Que deve ser um partido cada vez mais atento ao protesto, às insuficiências que aqui e ali se colocam, às falhas que são inevitáveis no exercício das funções do Governo e sobretudo que seja mais capaz de aprender com isso, corrigir quando for o caso e rectificar percursos quando isso se afigurar absolutamente necessário".

César prosseguiu: "Essa cultura do PS deve ser estimulada e deve contrariar a ideia de que estamos sempre no caminho certo, que tudo o que fazemos, fazemos bem, que os resultados comuns se devem exclusivamente a nós e que não poderiam ter sido obtidos se tivéssemos adoptado outras sugestões".

O presidente do PS não resistiu a comentar com algum humor a tirada de Luís Montenegro, que disse que o OE2024 é "pipi, bem apresentadinho e muito betinho que parece que faz, mas não faz". "Este é um orçamento bem apresentadinho", concordou Carlos César. Mas também "muito virtuoso". "Evidentemente, não partilho a opinião do líder do PPD quando, naquela forma peculiar como se expressou, com uma certa dislexia política, entendeu catalogar este orçamento de 'pipi'. Não é 'pipi'; é, sim, um orçamento que, pé ante pé, constrói com segurança e avança responsavelmente na recuperação de rendimentos e da economia portuguesa", disse o socialista com um sorriso.

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