Adaptação deve estar “na frente e no centro” da COP28, diz Ahmed Al-Jaber

Adaptação deve estar “na frente e no centro” da agenda climática, diz Ahmed Al-Jaber, o controverso líder da Cimeira do Clima (COP28), que vai decorrer nos Emirados Árabes Unidos, país membro da OPEP.

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Al-Jaber na Semana do Clima para a região do Médio Oriente e do Norte de África, organizada este fim-de-semana pelas Nações Unidas na capital saudita, Riade AHMED YOSRI/REUTERS

Ahmed Al-Jaber, presidente da próxima Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP28), que decorre de 30 de Novembro a 12 de Dezembro nos Emirados Árabes Unidos, afirmou que as medidas de adaptação devem estar “na frente e no centro” da agenda climática.

“Vivemos numa região de calor extremo, com escassez de água e insegurança alimentar. Também estamos a sofrer impactos climáticos severos, desde secas até às enchentes devastadoras de Derna”, disse Al-Jaber no domingo, durante a Semana do Clima, um encontro dedicado à região do Médio Oriente e do Norte de África organizado pelas Nações Unidas na capital saudita, Riade.

“Para conseguirmos resultados para a nossa região, temos de colocar a adaptação na frente e no centro da agenda climática”, disse Ahmed Al-Jaber.

Al-Jaber referiu no evento que os apoios previstos devem não só duplicar o financiamento da adaptação, mas também reabastecer o fundo verde para o clima.

O que são medidas de adaptação?

Medidas de adaptação traduzem-se em investimentos ou estratégias que permitam às populações estar mais bem preparadas para enfrentar as consequências das alterações climáticas. Criar sistemas de alerta precoce ou tornar o sistema alimentar mais robusto são exemplos de medidas de adaptação contra fenómenos climáticos extremos, que podem ser lentos ou súbitos.

Uma seca hidrológica que persiste ao longo de anos, por exemplo, pode causar progressivamente insegurança alimentar. Já um tornado pode deixar centenas de pessoas desabrigadas num só dia. Os relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) afirmam que os fenómenos climáticos extremos tendem a ocorrer com maior frequência e intensidade.

Cientistas climáticos defendem que as medidas de adaptação devem estar sempre de mãos dadas com as de mitigação, ou seja, de redução drástica de emissões de gases com efeito de estufa. Por outras palavras, afirmam que não basta adaptar sem eliminar progressivamente a queima de combustíveis fósseis.

A COP28 é vista como uma oportunidade crucial para os governos acelerarem a acção climática para limitar o aquecimento global. Os dados disponíveis actualmente mostram que os países estão fora da rota para cumprir as promessas do Acordo de Paris, um compromisso global assumido em 2015 para limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5 graus Celsius (em relação aos valores pré-industriais).

Ahmed Al-Jaber foi uma escolha muito controversa para liderar a COP28, uma vez que é director executivo da Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), empresa estatal com um peso assinalável no mercado do petróleo.

Em resposta às críticas, Ahmed Al-Jaber defendeu uma COP mais inclusiva, capaz de trazer a indústria dos combustíveis fósseis para o debate climático. O país que vai sediar o evento, os Emirados Árabes Unidos, é um grande exportador de petróleo e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

“Já houve 27 Cimeiras do Clima. Vocês talvez se surpreendam ao saber que 17 foram realizadas em países produtores de combustíveis fósseis”, disse Ahmed Al-Jaber no domingo.“O facto é que a energia é fundamental para todos, em todos os lugares”, acrescentou.

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