Apoio dos norte-americanos à ajuda militar à Ucrânia está em queda

Sondagem Reuters/Ipso revela que apenas 41% dos norte-americanos diz que os EUA devem continuar a fornecer armas a Kiev.

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Joe Biden com Volodymyr Zelesnky durante a visita do Presidente dos EUA a Kiev em Fevereiro EPA/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE HANDOUT

O apoio ao fornecimento de armas à Ucrânia está a diminuir entre os norte-americanos, revela uma sondagem Reuters/Ipso, um sinal de alerta para Kiev, que depende do armamento dos EUA para lutar contra a invasão russa.

A sondagem mostra que apenas 41% dos inquiridos concordam com a afirmação de que Washington “deve fornecer armas à Ucrânia”, em comparação com 35% que discordam e os restantes não têm a certeza.

O apoio ao envio de armas dos EUA diminuiu em relação a Maio, quando uma sondagem Reuters/Ipsos mostrou que 46% dos americanos apoiavam o envio de armas, enquanto 29% se opunham e os restantes não tinham a certeza.

A última sondagem foi realizada numa altura em que os líderes do Congresso dos EUA debatem o pedido do Presidente Joe Biden de 24 mil milhões de dólares de financiamento adicional para a Ucrânia, dos quais cerca de 17 mil milhões seriam destinados à defesa.

Washington já forneceu a Kiev 44 mil milhões de dólares em armamento, nomeadamente dezenas de tanques, milhares de rockets e milhões de munições que a Ucrânia tem utilizado para se defender desde a invasão pela Rússia iniciada em Fevereiro de 2022. As forças ucranianas reconquistaram uma série de aldeias e povoações na contra-ofensiva que começou em Junho, mas as operações têm sido prejudicadas pelos vastos campos minados e pelas trincheiras russas.

Alguns republicanos, particularmente aqueles com laços mais estreitos com o ex-Presidente Donald Trump, que busca a reeleição no próximo ano, opõem-se à continuação do apoio à Ucrânia. A ajuda foi deixada de fora do projecto de financiamento provisório que o Congresso aprovou no sábado para manter o governo a funcionar, embora a Casa Branca e alguns líderes do Congresso se tenham comprometido a votar separadamente um pacote para Kiev.

A destituição do líder da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, na terça-feira, aumentou a incerteza, com alguns dos seus potenciais sucessores a manifestarem cepticismo quanto ao valor, para os contribuintes americanos, da ajuda a Kiev

“O declínio do apoio está a ter um efeito negativo no apoio do Congresso e, eventualmente, nas perspectivas de pacotes de ajuda adicionais”, disse Elizabeth Hoffman, directora de assuntos parlamentares e governamentais do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Hoffman refere a necessidade de deixar claro para os norte-americanos que grande parte do dinheiro alocado para a Ucrânia fica nos Estados Unidos, incluindo para empregos em produtores de armas dos EUA. Biden informou na quarta-feira que iria fazer um grande discurso em breve sobre a necessidade de continuar a ajudar a Ucrânia.

Embora o apoio público dos EUA ao envio de armas tenha sido persistentemente mais forte entre os democratas desde a invasão das tropas russas, o recente declínio no apoio geral foi impulsionado pela mudança de pontos de vista entre os democratas.

Cerca de 52% dos democratas apoiaram o envio de armas para a Ucrânia na sondagem mais recente, contra 61% em Maio. Entre os republicanos, o apoio ao envio de armas para Kiev caiu de 39% em Maio para 35%.

Cerca de 34% dos democratas concordaram com a afirmação de que os problemas da Ucrânia “não são da nossa conta e não devemos interferir”, em comparação com 56% dos republicanos.

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