Incêndio nos Pavilhões do Parque não atrasa construção de hotel nas Caldas da Rainha

Presidente da câmara diz que Visabeira mantém interesse em fazer uma unidade hoteleira de cinco estrelas, embora não se comprometa com datas.

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Um incêndio destruiu parte dos pavilhões das Caldas LUSA/CARLOS BARROSO

O incêndio que deflagrou no dia 25 de Setembro nos Pavilhões do Parque das Caldas da Rainha não vai atrasar o já atrasado projecto de aproveitar aquele património para construir um hotel de cinco estrelas. Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas da Rainha, diz que a Visabeira continua empenhada em avançar com o Bordalo Montebelo Caldas da Rainha Hotel, dando assim seguimento ao protocolo celebrado em 2017 entre aquela empresa, o município e o Estado português (através da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças) para recuperar os emblemáticos Pavilhões do Parque através de uma unidade hoteleira.

O acordo tripartido, no âmbito do projecto Revive, previa que hotel estivesse construído no final de 2023, mas nada avançou no terreno a não ser a degradação daquele edificado, o qual perdeu parte da sua estrutura superior no incêndio da semana passada.

Vítor Marques diz que foi feita uma peritagem por parte da PJ e do LNEC para saber as origens do incêndio, mas exclui, à partida, origem criminosa, podendo a causa mais provável ter sido um descuido por parte de jovens que se infiltraram no edifício. “Nós emparedámos as portas e janelas, mas eles vão abrindo e nós vamos tapando”, queixa-se o autarca. O edifício, construído no séc. XIX para servir de alojamento aos aquistas numa época em que o termalismo vivia o seu apogeu, está há anos sem utilização, tendo sido vedado em 2011 devido ao risco de ruína.

Na parte imaterial do projecto, Vítor Marques diz que houve atrasos na entrega de peças processuais aos serviços técnicos do município por parte da Visabeira, mas que desde há 15 dias que a licença de construção ficou aprovada, podendo o promotor levantá-la quando desejar.

O investimento, que em 2017 estava avaliado em 16 milhões de euros, terá de ser avaliado, bem como o seu financiamento, que deverá enquadrar-se agora no âmbito do Portugal 2020-30.

O PÚBLICO contactou o grupo Visabeira através da sua agência de comunicação, perguntando que razões têm impedido a prossecução do projecto e quando prevê avançar com a construção do hotel, mas não obteve resposta. Em Julho deste ano, perante as mesmas questões, a empresa apenas respondeu que “a Visabeira não tem nenhum comentário a fazer”.

À mesma pergunta sobre quando começam as obras, Vítor Marques também não tem resposta. “Não há nada que nos diga que eles [Visabeira] não vão avançar, mas não há nenhuma data prevista”, disse.

Apesar de lidar com um parceiro que falhou todos os prazos para cumprir o objectivo de construir o hotel até Dezembro de 2023, o autarca está confiante que as Caldas da Rainha terão o seu hotel de cinco estrelas com spa associado à tradição termal da cidade. Em meados de Outubro, pretende tornar público um plano geral para o termalismo caldense que inclui como investimento-âncora a construção de um balneário novo numa zona entre o Parque de D. Carlos I e a Mata da Rainha D. Leonor, que constituem um verdadeiro pulmão da cidade e estão desde sempre associados à prática termal.

Foi ali que nasceu, em 1485, o primeiro hospital termal do mundo, mas o município quer acrescentar-lhe peças contemporâneas associadas a um termalismo mais moderno que junta a saúde e o lazer, sem perder o seu elemento diferenciador que é a tradição e a história que está na génese da cidade – diz-se que Caldas nasceu das águas depois de a rainha D. Leonor ali ter criado o hospital.

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