Estudo confirma importância da ecografia na detecção de cancro da mama

Os resultados apontam para um aumento da precisão do diagnóstico quando a ecografia é utilizada como exame complementar à mamografia.

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Segundo o comunicado, o cancro da mama é a neoplasia maligna mais frequentemente diagnosticada na população feminina em Portugal DR/Rebekah Vos via Unsplash

A ecografia pode ser uma importante ferramenta de diagnóstico do cancro da mama, sobretudo em jovens e mulheres com maior densidade mamária, concluiu um estudo da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC).

“A densidade da mama — que é maior na população jovem — pode mascarar algumas patologias que, no entanto, podem ser detectadas através de ecografia”, explicou a docente do Instituto Politécnico de Coimbra, Rute Santos, num comunicado enviado à Lusa.

Apesar de ser a ferramenta de diagnóstico mais utilizada no rastreio do cancro da mama, a mamografia apresenta algumas limitações e nem sempre consegue identificar lesões mamárias. Mas, segundo a investigadora e coordenadora do estudo, “a ecografia permite detectar quistos e fibromas que nem sempre são identificados através do exame físico e da mamografia e que podem, ou não, evoluir para quadros mais adversos”.

No estudo, 105 mulheres (com idades entre os 18 e os 79 anos) foram submetidas a exames de ultra-sonografia (ecografia) mamária. Em 31 casos, a ecografia revelou alterações do tecido mamário — sendo que apenas sete mulheres revelaram ter conhecimento prévio dessas alterações.

No entanto, Rute Santos advertiu que a ecografia não deve substituir-se à mamografia, já que os dois exames são distintos e complementares.

Os resultados apontam para um aumento da precisão do diagnóstico quando a ecografia é utilizada como exame complementar à mamografia.

A ecografia pode ser utilizada como meio de diagnóstico precoce — “sendo uma alternativa à mamografia em populações jovens, que genericamente apresentam maior densidade mamária — mas deverá ser utilizada apenas de forma complementar a partir dos 50 anos, idade a partir da qual a Direcção-Geral da Saúde recomenda o rastreio bianual através de mamografia”, sublinhou a docente da unidade científico-pedagógica de Imagem Médica e Radioterapia da ESTeSC.

“Não pretendemos alarmar a população, mas sim mostrar que, com a evolução que a ultra-sonografia tem registado ao longo dos últimos anos, esta pode ser um aliado importante no rastreio do cancro da mama e também de outras patologias”, frisou Rute Santos.

A coordenadora do estudo salientou que a ecografia “é uma técnica não invasiva, que não utiliza radiação ionizante e é mais bem tolerada pelo doente, podendo ser portátil também e chegar facilmente a toda a população”.

O estudo Ultrasound as a Method for Early Diagnosis of Breast Pathology contou com o apoio de estudantes da ESTeSC e a colaboração de Ana Raquel Ribeiro, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e Daniela Marques, da clínica Joaquim Chaves Oncologia, tendo sido publicado no Journal of Personalized Medicine.

Segundo o comunicado, o cancro da mama é a neoplasia maligna mais frequentemente diagnosticada na população feminina em Portugal, sendo a segunda principal causa de morte nas mulheres (ainda que a doença possa também afectar a população masculina).

De acordo com a ESTeSC, em 2020 foram detectados sete mil novos casos e registados 1800 óbitos decorrentes do cancro da mama.

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