Argumentistas de Hollywood aguardam termos do acordo para regressarem ao trabalho
Lideranças do sindicato dos argumentistas deverão aprovar nesta terça-feira o acordo de princípio a que chegaram com os grandes estúdios. Detalhes desse mesmo acordo deverão ser conhecidos em breve.
Os argumentistas de Hollywood admitiram nesta segunda-feira um regresso ao trabalho após terem chegado a um possível acordo com os grandes estúdios que poderá pôr termo a quase cinco meses de greve — mas ainda aguardam a concretização das suas reivindicações num caso ainda não resolvido.
O sindicato Writers Guild of America (WGA) chegou no domingo a um acordo de princípio com os patrões dos grandes estúdios e das plataformas de streaming para acabar com a greve que paralisa a indústria cinematográfica norte-americana, apesar de prosseguir o "braço-de-ferro" entre actores e estúdios.
Os pormenores do acordo não foram ainda revelados, mas, de acordo com a imprensa especializada, ele debruça-se sobre questões fundamentais que levaram à greve, como protecções para enquadrar a utilização da inteligência artificial (IA), a determinação de números mínimos de funcionários presentes nas diferentes salas dos argumentistas, e compensações por exibições de conteúdos posteriores à sua estreia (os chamados "residuals").
Os vários comités que lideram o WGA deverão fazer a sua deliberação oficial nesta terça-feira. Se o acordo for aprovado pelas lideranças do sindicato (um cenário provável, de resto), o documento será passado aos 11 mil membros do sindicato para ratificação.
O WGA já indicou que vai autorizar os seus membros a retomar o trabalho antes do final do processo, com a revista Variety a indicar que os programas de informação e entretenimento emitidos em diversos canais ao final da tarde poderão ser retomados dentro de duas a três semanas.
No entanto, a indefinição persiste em Hollywood, com os actores, representados pelo sindicato SAG-AFTRA, a permanecerem em greve. Após um regresso ao trabalho dos apresentadores, serão ainda necessários meses para colocar todas as equipas em cena e ultrapassar os atrasos acumulados.
Fontes têm dito à imprensa que o compromisso aceite pelos estúdios com os argumentistas inclui aumentos salariais, possíveis bónus suplementares para os que escrevem as séries com maior audiência e formas de assegurar que a IA seja utilizada sem afectar a sua remuneração.
As reivindicações do SAG-AFTRA vão mais longe que as feitas pelo WGA. O sindicato dos actores pede um maior aumento salarial e a atribuição aos actores de uma percentagem real dos benefícios, independentemente do conteúdo, prevendo-se árduas negociações.
A greve de argumentistas e actores — em protesto desde Maio e Julho, respectivamente — já custou à Califórnia à volta de cinco mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros), de acordo com o Milken Institute. A autarca de Los Angeles, Karen Bass, emitiu um comunicado a dar os parabéns aos dois lados pelo acordo e disse ter esperança de que o mesmo possa acontecer em breve com os actores.
"Agora, devemos concentrar-nos em fazer com que a indústria do entretenimento e todas as pequenas empresas que dela dependem recuperem", disse Bass.
Os membros do WGA iniciaram, a 2 de Maio, uma greve devido a questões salariais e ao uso de inteligência artificial na criação de argumentos. Os actores juntaram-se-lhes a 14 de Julho, num momento histórico — esta tem sido a primeira paralisação conjunta desde 1960.
Actores e argumentistas querem garantir que os estúdios não vão usar IA para os substituir, e querem receber pagamentos residuais no modelo de transmissão através de plataformas como a Netflix. Anteriormente, estes pagamentos eram dados aos artistas de receitas provenientes de séries ou filmes licenciados para mercados internacionais, ou retransmitidos na televisão.