Estúdios e argumentistas chegam a acordo provisório que pode pôr fim à greve em Hollywood

Mais de 11 mil argumentistas vão votar um novo acordo com os principais estúdios de Hollywood que prevê aumentos na remuneração e protecção no uso de IA. Greve dura há mais de quatro meses.

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Duas pessoas caminham à porta dos estúdios Paramount depois de o a Associação de Argumentistas dos Estados Unidos ter anunciado que chegou a um acordo laboral preliminar com os principais estúdios em Los Angeles Reuters/DAVID SWANSON

O Sindicato de Argumentistas dos Estados Unidos e as empresas de entretenimento alcançaram um acordo provisório que abre caminho ao fim de uma greve que paralisou Hollywood durante mais de quatro meses. O acordo inclui a celebração de um novo contrato que inclui remunerações mais elevadas para conteúdos streaming e uma maior protecção dos direitos de autoria dos escritores perante o uso crescente da inteligência artificial na indústria.

Num email enviado aos mais de 11 mil argumentistas representados pelo sindicato, o comité de negociação anunciou a criação de um acordo "excepcional", "com ganhos e protecções significativos para escritores em todos os sectores da associação", cita esta manhã o The New York Times. A Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão, que representa os estúdios, disse simplesmente que as duas partes "chegaram a um acordo provisório".

Esse acordo vai a votos nos próximos dias. O comité de negociação do sindicato de argumentistas disse que só compartilharia os detalhes do acordo depois de receber o texto final do contrato, que permanecerá em vigor por três anos.

Este contrato não basta para que a indústria cinematográfica em Hollywood regresse ao normal. Embora a escrita de conteúdos possa ser retomada, o sindicato dos atores do SAG-AFTRA (Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists) permanece em greve.

Os argumentistas abandonaram o cargo a 2 de Maio, depois de as negociações terem chegado a um impasse quanto à remuneração dos artistas, o número mínimo de funcionários necessários nas salas dos argumentistas, o uso de inteligência artificial e a retorno que os argumentistas de programas populares de streaming recebem. “Nós resistimos”, disse Caroline Renard, representante do Sindicato de Argumentistas dos Estados Unidos​, este domingo: “Esta é uma indústria sindicalizada e isto é sobre as pessoas que fabricam o produto real que gera milhares de milhões de dólares para essas empresas.”

As duas greves de Hollywood interromperam a produção de filmes e séries de TV; e fizeram com que os talk shows nocturnos fossem repetidos. Os esforços para reiniciar os talk shows diurnos sem roteiristas, como o "The Drew Barrymore Show", fracassaram este mês, perante as críticas de escritores e atores em greve.

Os protestos assumiram a retórica da guerra de classes. Os escritores atacaram a remuneração dos executivos da comunicação social e disseram que as condições de trabalho tornaram difícil a qualidade de vida para a classe média.

O director executivo da Disney, Bob Iger, recém-saído de uma extensão do contrato que oferecia um bónus anual de cinco vezes o salário-base, criticou os escritores e actores em greve como "simplesmente não realistas" nas suas exigências. Posteriormente, Iger publicou uma nota conciliatória, citando o seu “profundo respeito” pelos profissionais criativos.

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