Papa apela a acção europeia para que Mediterrâneo não seja o “mar da morte”

Francisco evocou o sofrimento de refugiados nas travessias e pediu aos países que permitam entrada de um maior número de pessoas que fogem da guerra, fome e pobreza.

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O Papa Francisco, em Marselha Reuters
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O Papa visitou um memorial a marinheiros e refugiados que morreram no mar BENOIT TESSIER/Reuters

O Papa Francisco condenou, este sábado, os “nacionalismos beligerantes” e apelou a uma resposta pan-europeia à migração para impedir que o Mediterrâneo, onde milhares de pessoas se afogaram, se torne “o cemitério da dignidade”.

Francisco defendeu o acolhimento de refugiados e migrantes, num longo discurso que encerrou uma conferência da Igreja sobre questões mediterrânicas em Marselha, um porto francês que durante séculos foi um ponto onde se cruzaram várias culturas e religiões.<_o3a_p>

“Há um grito de dor que ressoa acima de tudo e que está a transformar o Mediterrâneo, o mare nostrum, de berço da civilização, em mare mortuum, o cemitério da dignidade: é o grito sufocado dos irmãos e irmãs migrantes”, disse, utilizando termos em latim que significam “o nosso mar” e “mar da morte”.<_o3a_p>

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Francisco foi recebido no porto, onde se situa o centro de conferências, pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, com quem terá um encontro privado antes de regressar a Roma.<_o3a_p>

O Papa começou o dia com uma visita a um centro de apoio a pessoas em situação de pobreza no bairro de Saint Mauront, em Marselha, um dos mais pobres de França, dirigido pela ordem de freiras fundada por Madre Teresa.<_o3a_p>

Mais tarde, na conferência, Francisco apelou a que seja possibilitado “um número alargado de entradas legais e regulares” de migrantes e refugiados, com ênfase na aceitação dos que fogem da guerra, da fome e da pobreza, por oposição aos países porem a ênfase na “preservação do seu próprio bem-estar”.

Impedir resgates no mar é "gesto de ódio"​

Segundo a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), chegaram este ano à Europa através do Mediterrâneo cerca de 178500 migrantes e refugiados, enquanto cerca de 2500 morreram ou desapareceram.<_o3a_p>

Os governos de vários países europeus, incluindo Itália, Hungria e Polónia, são liderados por opositores declarados da imigração.<_o3a_p>

Francisco apelou para “ouvirem os gritos de dor” que vêm do Norte de África e do Médio Oriente. “Como precisamos disto na actual conjuntura, quando nacionalismos antiquados e beligerantes querem fazer desvanecer o sonho da comunidade das nações”, disse, sem referir o nome de países em concreto.

A viagem de 27 horas do Papa Francisco a França foi dominada por questões relacionadas com a migração. Na sexta-feira, afirmou que os migrantes que correm o risco de se afogar no mar “devem ser resgatados” porque isso é “um dever de humanidade” e que aqueles que impedem os resgates cometem “um gesto de ódio”.<_o3a_p>

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