Reanimação de aranhas e sanitas inteligentes destacadas nos Prémios IgNobel

O objectivo dos IgNobel é premiar as descobertas científicas mais peculiares e “fazer as pessoas rir”. Foram premiadas dez categorias, entre elas engenharia mecânica, saúde pública e nutrição.

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A sanita inteligente visa descobrir sinais de possíveis doenças a partir dos dejectos humanos SEUNG-MIN PARK/TWITTER
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Já imaginou ganhar um prémio por fazer com que aranhas mortas agarrem objectos? Um grupo de investigadores da Universidade Rice, nos Estados Unidos, venceu esta quinta-feira o prémio IgNobel na categoria de engenharia mecânica por fazê-lo.

Os prémios IgNobel pretendem isso mesmo: celebrar e premiar investigações incomuns na ciência e cujo propósito é "fazer as pessoas rir e depois pensar" sobre as descobertas. Os próprios prémios são bastante peculiares. Na edição deste ano, os vencedores dos dez prémios IgNobel receberam uma nota do Zimbabwe no valor de cerca de nove milhões de biliões de euros e um prémio em formato PDF que poderá ser impresso em forma de troféu tridimensional.

Na categoria de engenharia mecânica, venceu o trabalho da Universidade Rice, que consiste na reanimação de aranhas mortas para serem usadas como ferramentas mecânicas capazes de agarrarem objectos. Te Faye Yap, um dos membros do grupo, disse que perceberam o potencial das aranhas para estes fins quando descobriram que as aranhas mortas têm as pernas fechadas, em forma de pinça, e que as mesmas podem abrir assim que seja aplicada pressão. A "pinça" que desenvolveram pode ainda "servir como um dispositivo portátil e camuflar-se naturalmente em ambientes externos", segundo os investigadores.

Por que lambem os cientistas as rochas?

Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, recebeu o prémio na categoria de química e geologia por ter explicado a razão pela qual muitos cientistas usam a língua para analisar as rochas. O investigador disse que, actualmente, os geólogos utilizam a língua para potenciar a visão, "porque uma superfície molhada mostra melhor as partículas minerais do que uma superfície seca".

O prémio na categoria de nutrição foi entregue a Homei Miyashita, da Universidade Meiji, e Hiromi Nakamura, da Universidade de Tóquio, no Japão. A investigação pretende mostrar que o sabor salgado dos alimentos pode ser potenciado com a estimulação eléctrica da língua através de pauzinhos e palhinhas para beber. “O sabor dos alimentos pode ser alterado imediata e reversivelmente por estimulação eléctrica e isso é algo que tem sido difícil de conseguir com ingredientes convencionais, como os temperos”, revelou Nakamura.

Uma sanita inteligente

Na categoria de saúde pública, uma sanita inteligente foi a grande vencedora. Este equipamento está programado para descobrir sinais de possíveis doenças a partir dos dejectos humanos e para conseguir identificar o usuário a partir de um sistema de impressão anal.

A investigação que mostrou que os indivíduos possuem o mesmo número de pêlos em cada uma das suas narinas venceu o prémio de medicina, enquanto a pesquisa sobre pessoas especialistas em falar ao contrário recebeu o prémio de comunicação.

Foram ainda atribuídos prémios na categoria de literatura a um grupo de investigadores que procurou mostrar o que uma pessoa sente quando a mesma palavra é escrita vezes sem conta; e na categoria de física a uma pesquisa que revela que diferentes camadas de água dos oceanos podem ser misturadas como consequência da actividade sexual das anchovas.

Bieito Fernández Castro, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, ficou surpreso quando a sua equipa foi anunciada como sendo uma das vencedoras. "Nunca pensei que uma investigação sobre a física do oceano em pequena escala pudesse atrair tanta atenção", referiu, citado pelo diário britânico The Guardian.

O prémio de educação foi entregue a um grupo de investigadores que estudaram o tédio sentido pelos professores e alunos. Por fim, o trabalho de observação de Stanley Milgram, Leonard Bickman e Lawrence Berkowitz, que procurou ver quantos indivíduos paravam para olhar para cima assim que viam outra pessoa a fazer o mesmo, foi galardoado com o prémio na categoria de psicologia.

A cerimónia da 33.ª edição do IgNobel, organizada pela revista Annals of Improble Research, aconteceu online e contou ainda com a estreia de sete músicas cujo tema principal era a água. Alguns investigadores, que aproveitaram o momento para falar sobre os seus projectos, tiveram apenas 24 segundos para o fazer. A entrega dos Prémios Nobel, mais importantes e mais conhecidos do público em geral, ocorrerá no próximo mês.

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