Obras na Linha do Sul obrigam a transbordos em 24 comboios entre Lisboa e o Algarve

Infra-Estruturas de Portugal (IP) diz que precisa de encerrar a linha durante 30 horas e passageiros dos Alfas e Intercidades terão de fazer transbordo rodoviário entre Grândola e Funcheira.

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O transbordo rodoviário entre Grândola e Funcheira implicará atrasos de uma hora e meia Fabio Teixeira / PUBLICO
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A CP anunciou que, nos fins-de-semana de 23 e 24 de Setembro e de 30 de Setembro e 1 de Outubro, os primeiros comboios da manhã e os últimos da tarde, entre Lisboa e o Algarve, terão transbordo rodoviário entre Grândola e Funcheira, devido a obras da IP na via-férrea naquele troço. Serão afectados 16 Intercidades e oito Alfas Pendulares, num total de 24 comboios nos dois sentidos.

O transbordo rodoviário entre Grândola e Funcheira implicará atrasos de uma hora e meia, pelo que a opção mais racional será o autocarro ou o transporte individual nas deslocações de e para o Algarve nesses horários. Só quem beneficia de descontos ou por desconhecimento deverá optar por apanhar aqueles comboios naqueles fins-de-semana.

Contactada pelo PÚBLICO, a IP diz que “os trabalhos em curso, nomeadamente o tratamento e reforço de plataforma de via, inserção de novos AMV [agulhas] e respectiva catenária, no âmbito da adaptação dos layouts das estações de Canal Caveira e Ermidas Sado, de modo a habilitar estas estações a manobrar e cruzar comboios com 750 metros de comprimento, obrigam a interdições de via excepcionais de 30 horas”.

Naquele troço, durante a noite, só circulam dois comboios de mercadorias (cujos horários podem ser alterados temporariamente para período diurno) e nenhum de passageiros. Entre o último comboio de passageiros do fim da tarde e o primeiro da manhã, a janela temporal é de cerca de 14 horas, tempo que o planeamento da IP considera insuficiente para desenvolver aqueles trabalhos.

A IP explica que “não seria possível realizar estes trabalhos em períodos menores de interdição (ao longo de várias noites), dado que o tratamento e reforço da plataforma necessita de um período mais prolongado sem circulação de comboios para ser efectuado”.

Estas obras inserem-se no Ferrovia 2020 e, segundo a gestora de infra-estruturas, “têm por objectivo eliminar constrangimentos da Rede Ferroviária Nacional, permitindo aumentar a capacidade do tráfego ferroviário no Corredor Internacional Sul, melhorando assim a ligação ferroviária entre o porto de Sines, as plataformas logísticas e a Europa”. São, na prática, trabalhos destinados a melhorar a circulação de comboios de mercadorias.

Estas obras custam seis milhões de euros e foram consignadas em Junho de 2022, deveriam estar concluídas em Agosto de 2023, mas estão vários meses atrasadas.

Também as obras de modernização do troço Ermidas-Sado até Sines, onde só passam comboios de mercadorias, estão igualmente atrasadas. Foram adjudicadas em Junho de 2021, por 28,5 milhões de euros, e já deveriam ter sido concluídas em Junho deste ano. A expectativa é que termine no segundo semestre de 2024.

A CP chegou a anunciar a intenção de reatar o serviço de passageiros para Sines (que foi suspenso em 1990), mas desde então não foram dados quaisquer passos nesse sentido. O ex-presidente da empresa Nuno Freitas disse há dois anos que, “com a recuperação das locomotivas 2600 e das carruagens adquiridas a Espanha, a CP volta a ter condições para ter um serviço Regional ou Inter-Regional no Alentejo e para reformular a oferta de Intercidades”.

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