Emissões de carbono de incêndios florestais batem recorde em 2023

No Canadá, o total estimado de emissões de carbono geradas pelos incêndios deste Verão atingiu 410 megatoneladas — o triplo do recorde anterior.

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Nuvem de fumo dos incêndios do Canadá no céu de Manhattan, em Nova Iorque, em Junho passado Reuters/TROY DUNKLEY
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Ainda antes de chegar ao fim, a época de incêndios florestais deste ano no hemisfério Norte bateu novos recordes. Os fogos de grande intensidade e dimensão em florestas boreais afectaram a qualidade do ar, mesmo a milhares de quilómetros do local onde deflagraram. No Canadá, o total estimado de emissões de carbono geradas pelos incêndios deste Verão atingiu 410 megatoneladas — o triplo do recorde anterior, registado em 2014, que apontava para 138 megatoneladas (milhões de toneladas) de carbono libertadas na atmosfera.

Os dados foram esta quinta-feira divulgados pelo Copérnico, o programa de observação terrestre da União Europeia.

"Ocorrem incêndios florestais nas regiões boreais todos os Verões, sendo que a sua localização, intensidade e duração é variável, consoante as condições climáticas. À medida que as temperaturas aumentam e os períodos de seca se prolongam, torna-se mais provável a ocorrência de incêndios devastadores como os do Canadá", explica, em comunicado, Mark Parrington, um dos investigadores do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copérnico.

O Canadá viveu este ano a pior temporada de incêndios florestais da sua história, com mais de 170 mil quilómetros quadrados de área ardida — o equivalente a 17 milhões de campos de futebol, quase o dobro do território português. Antes de 2023, o máximo de terreno queimado num ano no Canadá era de 71 mil quilómetros quadrados (em comparação, menos dez milhões de campos de futebol do que este ano).

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Esta quarta-feira estiveram activos em território canadiano uma dezena de fogos, que se somam aos 6200 que já deflagraram este ano, principalmente desde Maio. É expectável que as emissões de gases com efeito de estufa continuem a aumentar, pelo menos até ao final da época de incêndios florestais, em Outubro. "A monitorização que fazemos das emissões dos incêndios e do movimento das nuvens de fumo é essencial para compreender a escala das consequências para a qualidade do ar", esclareceu Mark Parrington.

No extremo oposto do Pacífico, outros fogos de grandes dimensões deflagraram em várias regiões russas. "É importante salientar que, apesar de a Rússia ter registado este ano emissões de carbono fruto de incêndios florestais inferiores à média dos últimos 20 anos, as emissões dos incêndios de Junho a Agosto no Árctico foram as terceiras mais elevadas de que há registo", sublinha o Copérnico.

O comunicado do programa europeu faz ainda referência aos incêndios que afectaram a costa europeia do Mediterrâneo e a Península Ibérica, assim como a ilha de Maui, no Havai.

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