Tempestade Daniel destrói cidade na Líbia e provoca milhares de mortos

Tempestade que atingiu a Grécia na semana passada passou pela Líbia e provocou mais de 2000 mortes e cerca de 9000 desaparecidos. Duas barragens ruíram e 25% da cidade de Derna “desapareceu”.

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Vídeo: destruição e milhares de mortos após passagem da tempestade Daniel na Líbia Reuters, Joana Bourgard

Mais de 2000 pessoas morreram na Líbia por causa das inundações causadas pela tempestade Daniel — a mesma que, na semana passada, matou 18 pessoas na Grécia e provocou o caos na região da Tessália. O número de vítimas mortais na última actualização das autoridades líbias apontava para os 61 mortos na segunda-feira, mas passou para a ordem dos milhares, quando as equipas de socorro conseguiram finalmente aceder à cidade de Derna.

Citado pela Al-Jazeera, Taqfiq Shukri, porta-voz do Crescente Vermelho na Líbia, diz que foram confirmados 2084 mortos e que há cerca de 9000 pessoas desaparecidas. A par disso, informou, há perto 20 mil deslocados. As autoridades da região leste da Líbia apontam, no entanto, para pelo menos 3000 mortes.

A principal explicação para este número tão elevado de mortos, de desaparecidos e de deslocados está relacionada com o colapso de duas barragens que não suportaram a força das águas, que arrastaram casas e pessoas.

“A situação é trágica”,​ lamentou Essam Abu Zeriba, ministro do Interior do Governo do Leste da Líbia numa entrevista ao canal Al-Arabiya citada pela Associated Press.

Derna já foi considerada uma zona de catástrofe e o executivo declarou três dias de luto nacional. Hichem Chkiouat, ministro da Aviação Civil, diz que cerca de 25% da cidade “desapareceu”.

De acordo com os relatos de um jornalista de Derna, Jawher Ali, à Al-Jazeera, a cidade está sem qualquer tipo de comunicação e ficou “isolada do resto do mundo”. “As correntes ainda não pararam”, descreveu. “[A água] invadiu as ruas da cidade e derrubou prédios. Depois de o sol ter nascido [na manhã de segunda-feira], muitas ruas da cidade estavam destruídas. Os habitantes viram cadáveres a flutuar na água”, prosseguiu.

Mohamed Manfi, presidente do conselho presidencial da Líbia, apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para que forneça ajuda humanitária após a passagem da tempestade. Já contactou países como Espanha e Itália para coordenar o seu apoio e as petrolíferas Total (França) e Eni (Itália) comprometeram-se a pôr esta terça-feira três aviões à disposição das autoridades de Bengasi. Também o Governo turco prometeu ajuda.

A tempestade Daniel formou-se a 4 de Setembro. Evoluiu para um ciclone tropical mediterrânico depois de ter atingido a Grécia e ainda antes de entrar novamente em terra, na Líbia, no domingo, obrigando à suspensão da actividade em quatro portos petrolíferos durante três dias. Após ter perdido força, o ciclone ainda atingiu o Egipto na segunda-feira, mas apenas provocou chuva moderada. com António Saraiva Lima

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