Sousa Pinto foi “ajudar estrategicamente” os liberais a combater o excesso de Estado

Mesquita Nunes, Poiares Maduro e Sousa Pinto conversaram este sábado sobre “as ameaças iliberais às democracias ocidentais”, no Campus da Liberdade, em Fátima.

O Campus da Liberdade convidou políticos de partidos diferentes
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O Campus da Liberdade convidou políticos de partidos diferentes Marília Jacobson
Sérgio Sousa Pinto e Poiares Maduro com os liberais Carla Castro e Carlos Guimarães Pinto
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Sérgio Sousa Pinto e Poiares Maduro com os liberais Carla Castro e Carlos Guimarães Pinto Marília Jacobson
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Não são os três pastorinhos, mas são três homens consagrados na política: Sérgio Sousa Pinto, Adolfo Mesquita Nunes e Miguel Poiares Maduro conversaram este sábado à tarde no Campus da Liberdade, em Fátima, sobre “as ameaças iliberais às democracias ocidentais”. Sousa Pinto, socialista num fórum de centro-direita, explicou o propósito da sua presença: “ajudar estrategicamente” os “liberais” a combater o “problema de excesso de Estado” em Portugal.

Não se via uma cadeira vazia. Jovens atrás de jovens ouviam em regozijo três pensadores de política portugueses contemporâneos. Houve palmas para todos, mas os decibéis aumentavam para Sérgio Sousa Pinto. Do alto da sua erudição, o deputado socialista lá libertou algumas considerações.

Que é “justo reconhecer que, em Portugal, há uma tradição demasiado estatista” e que isso se deve à esquerda (que o é em “demasiado”) foi uma delas. Lá para o fim da intervenção repetiu a ideia, explicando ser essa a razão pela qual foi ao Campus da Liberdade: “É preciso ajudar todas as forças que reconhecem que há demasiado Estado na nossa vida e economia”, afirmou.

Sobre os perigos que a democracia enfrenta, os antigos colegas do Governo de Passos Coelho, Mesquita Nunes e Poiares Maduro, apontaram questões relacionadas com a polarização.

Poiares Maduro arranhou a hipótese de estar em curso uma “guerra civil desmilitarizada” nos EUA e Mesquita Nunes problematizou a questão de deslegitimarmos o nosso adversário político. “Passamos a entender como natural questionar a legitimidade do outro emitir uma opinião política. As ideias dos outros passam a ilegítimas e, se eles ganharem, tem que ser organizar o sistema de outra maneira”, explicou, criticando.

Preocupa-os também o mundo digital. Enquanto Poiares Maduro questiona o poder dos algoritmos e os perigos do clickbait, o antigo militante do CDS disse não conseguir “conceber um mundo em que, na esfera digital, não [haja] o mesmo nível de regras e proibições que no físico”, criticando, sem nomear, a acção de Rui Pinto.

“Se no mundo físico não posso roubar a casa de alguém e ir embora, também não posso permitir que se vanglorie um hacker que entre no computador de alguém”, disse.

Por sua vez, Sérgio Sousa Pinto considerou que a principal “ameaça” à democracia é a “desigualdade extrema” — algo, afirma, diagnosticado “há 2500 anos” quando os gregos perceberam o problema de haver “muitos ricos e muito pobres”.

Voto na IL ou BE é “perdido”

Debateu-se, por fim, e à semelhança de sexta-feira, o sistema eleitoral. Concordaram os três oradores na existência de um triunvirato de problemas — proporcionalidade, proximidade e governabilidade —, lamentando Sousa Pinto que “haja sistemas eleitorais perfeitos para cada um” deles, mas que não haja “um que resolva todos”.

Poiares Maduro alinhou na crítica, concretizando-a: “Quem vive em Portalegre ou Beja tem menos liberdade de voto do que quem vive em Lisboa ou no Porto. Não pode votar na IL ou BE porque é um voto perdido”, disse. E como corrigi-lo?, questionou. “Olhem para as propostas da revisão constitucional do PSD em que trabalhei”, provocou, soltando na sala uma risada geral.

O Campus da Liberdade 2023, que começou na passada quinta-feira, em Fátima, é a terceira edição da universidade de Verão do Instituto +Liberdade. Diz-se “um evento orientado para jovens, que pretende fomentar o pensamento crítico, a participação cívica e o trabalho de equipa”. Ainda este sábado intervirão Luís Marques Mendes, Francisco Assis e Carlos Moedas.

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