Sismo em Marrocos: o que se sabe até ao momento?

Número de mortos aumenta para mais de duas mil vítimas. O sismo de sexta-feira é o mais violento registado em Marrocos nos últimos 120 anos.

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Estragos em Marraquexe provocados pelo sismo desta sexta-feira Reuters/ABDELHAK BALHAKI
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Um forte sismo abalou Marrocos na noite desta sexta-feira. O Ministério do Interior dá conta de mais de dois mil mortos, reporta a agência de notícias Reuters, além de 2059 pessoas feridas. Marraquexe foi uma das cidades mais atingidas, sobretudo o centro histórico, que é património mundial da UNESCO.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, confirmou esta tarde que não há portugueses entre as vítimas mortais do terremoto que abalou Marrocos na última noite, havendo dois feridos sem gravidade, um pai e uma filha menor, que estão a receber tratamento hospitalar.

Na zona afectada estão 300 portugueses identificados e, no sábado, 75 disseram quer regressar a Portugal. Um avião da Força Aérea para Marrocos, que partiu esta noite para Marrocos, regressou ainda na madrugada deste domingo com 102 cidadãos portugueses. Entre os cidadãos retirados do território marroquino, estão o pai e a criança que ficaram feridos na sequência do sismo.

Quantas pessoas foram afectadas? Número de mortos ainda pode subir?

De acordo com o último balanço do governo marroquino, durante a noite de sábado, registam-se, até ao momento, 2012 vítimas mortais. Há também 2059 feridos contabilizados, 1404 desses em "estado crítico".

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Em declarações à agência Lusa, o sismólogo João Duarte Fonseca antevê que, pelas imagens que se conhecem do terramoto que abalou Marrocos, o número de fatalidades "suba significativamente" nos próximos dias, realçando que os edifícios afectados eram "bastante vulneráveis". Durante 48 horas, é normal que os números vão aumentando”, em resultado da informação que for sendo recolhida no terreno, explicou o especialista, recordando que se trata de “uma zona montanhosa e agrícola”.

Também o geólogo João Duarte refere, ao PÚBLICO, que, apesar de o número de mortos já ter ultrapassado os mil, um abalo deste género poderá ter causado bastantes mais vítimas mortais. Dá um exemplo: "Em 1960, houve um sismo de [magnitude] 5,8 que matou mais de 12 mil pessoas e que se localizou mesmo por baixo da cidade de Agadir. Este localizou-se entre Agadir e Marraquexe, uma zona que não tem uma grande densidade populacional".

Onde aconteceu o sismo e quando? Qual o epicentro?

De acordo com o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos, o sismo atingiu a magnitude 7,2 na escala de Richter e ocorreu na região de Marraquexe às 23h11, com epicentro perto da localidade de Ighil, situada a cerca de 80 quilómetros a sudoeste de Marraquexe — nas montanhas do Alto Atlas.​ Os dados do serviço geológico dos Estados Unidos (USGS) apontam para uma magnitude de 6,8 na escala de Richter e uma profundidade de 18 km.

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Esta é uma magnitude comum no país? Foi o maior sismo de que há registo na região?

O sismo de sexta-feira é o mais violento registado em Marrocos nos últimos 120 anos. O último grande terramoto no país, um abalo de 6,3 graus de magnitude com epicentro em Al Hoceima, na costa do Mediterrâneo, matou mais de 600 pessoas em 2004. Em 1960, um violento sismo destruiu Agadir e matou mais de 12 mil pessoas.

Segundo o USGS, “desde 1900, não houve sismos M6 [magnitude 6] ou mais graves num raio de 500 km deste sismo, e só nove M5 [magnitude 5] ou mais graves.”

O geólogo João Duarte, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, explica que "a magnitude do sismo mede a energia que é libertada na fonte". "Depois, o que acontece é que quando há essa libertação de energia, há propagação de ondas sísmicas que se vão atenuando à medida que nos afastamos do epicentro", destaca, acrescentando que, na zona mais perto do epicentro, a intensidade do sismo, "que mede aquilo que as pessoas sentem ou os danos causados nos edifícios", terá rondado os 8 na Escala Macrossísmica Europeia — um valor que “vai diminuindo à medida que nos vamos afastando” do epicentro.

Em que províncias houve mais vítimas?

Segundos os dados divulgados pelo Ministério do Interior de Marrocos, pelas 23h deste sábado, a província com mais vítimas registadas é Al Haouz, a sul de Marraquexe e próxima do epicentro, com 1293 mortos. Segue-se Taroudant (452 mortos), Chichaoua (91), Ouarzazate (41), Marraquexe (15), Azilal (11), Agadir (5), Casablanca (3) e Al Youssufia (1).

Há portugueses entre as vítimas mortais ou feridos?

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, confirmou esta tarde que não há portugueses entre as vítimas mortais do terremoto que abalou Marrocos na última noite, havendo dois feridos sem gravidade, um pai e uma filha menor, que estão a receber tratamento hospitalar.

Na zona afectada estão 300 portugueses identificados, sendo que desses 75 disseram, no sábado, querer regressar a Portugal. Partiu esta noite um avião da Força Aérea para Marrocos, que regressou esta madrugada com 102 cidadãos portugueses. O pai e a criança que ficaram feridos no sismo estão entre os cidadãos retirados do país.

Já o Presidente da República havia referido anteriormente não ter notícia de portugueses "incluídos na lista dos mortos, desaparecidos ou feridos". Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas à margem da comemoração dos 50 anos da criação do Movimento dos Capitães, assinalados no Monte do Sobral, em Alcáçovas, Viana do Alentejo, numa iniciativa que marca uma nova fase das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril.

O Chefe de Estado adiantou ainda que "está tudo preparado" para apoiar Marrocos assim que haja esse pedido, um plano que será anunciado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.

O sismo foi sentido em mais países?

O sismo foi também sentido, com menor intensidade, em Portugal e Espanha.

No território português, segundo o IPMA, o sismo foi sentido com intensidade máxima III/IV na escala de Mercalli modificada nos concelhos de Castro Marim, Faro, Loulé, Portimão, Vila Real de Santo António, Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira, Almada, Setúbal e Sines, e com menor intensidade nos concelhos de Coimbra, Albufeira, Olhão, Silves, Alenquer, Loures, Mafra, Oeiras, Sintra, Amadora, Odivelas, Santo Tirso, Vila Nova de Gaia, Santiago do Cacém, Seixal e Sesimbra.

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