Sindicato entrega carta a director regional da OMS a expor problemas dos médicos portugueses

Arrancou esta terça-feira a caravana promovida pela Federação Nacional dos Médicos. Há nova ronda negocial com o Ministério da Saúde esta semana.

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Manifestação da Federação Nacional dos Médicos no 2.º Simpósio da Organização Mundial de Saúde dedicado ao futuro digital LUSA/ESTELA SILVA
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Arrancou nesta terça-feira a caravana promovida pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam) que pretende alertar o Governo para os problemas dos médicos em Portugal. A primeira iniciativa foi a entrega de uma carta ao director Regional da OMS/Europa, Hans Kluge. Na próxima quinta-feira, sindicatos e Ministério da Saúde sentam-se à mesa para mais uma ronda negocial.

A presidente da Fnam explicou, em declarações às televisões, que na carta entregue ao director Regional da OMS/Europa fizeram um “enquadramento da situação do SNS”, onde deram “conta da existência de 1,6 milhões de utentes sem médico de família, do caos nas urgências, da falta de médicos para fazer consultas e cirurgias” e onde descreveram “a situação laboral dos médicos”.

Convicta de que de fizeram passar a mensagem, acompanhada por uma manifestação à porta do local onde se realizou o simpósio Future of Digital Health Systems in the European Region, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) Europa e do Governo de Portugal, que se realiza do Porto, Joana Bordalo e Sá salientou que os médicos portugueses são “dos mais mal pagos a nível europeu” e que estão “há mais de uma década sem aumento salarial”.

Durante a entrega da carta, o director Regional da OMS/Europa, Hans Kluge, deu os parabéns aos médicos “pelo trabalho extraordinário feito durante a covid-19”, referindo que Portugal “foi o exemplo em termos da vacinação”. “Mas entendo que as pessoas estão cansadas, que precisam de ter as condições e, na verdade, é também por isso que estamos aqui, porque a saúde digital não oferece a solução total. Mas pode realmente ajudar e aliviar um pouco, juntamente com outras medidas”, disse.

“Estou a falar com a minha directora, a dr.ª Natasha Azzopardi-Musca, que está a supervisionar isso e podem contar connosco. Derradeiramente, somos os vossos defensores a nível internacional. Por isso, obrigada pela vossa carta. Irei dar-lhe bastante atenção. E irei dar-vos informação em breve sobre os próximos passos”, acrescentou o responsável, que estava acompanhado pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e pelo director executivo do SNS, Fernando Araújo.

“Não basta apenas inovação e digitalização”

Após esse momento, em declarações à RTP, Joana Bordalo e Sá salientou que “não basta apenas inovação e digitalização”. “É preciso investir em recursos humanos, nos profissionais de saúde, nos médicos. Sabemos que não faltam médicos em Portugal, faltam médicos no SNS e é para isso que a Fnam luta”, disse a responsável sindical, referindo que Hans Kluge “foi extremamente sensível e manifestou também preocupação no sentido dessa falta de médicos que existe”.

Questionada sobre se um acordo poderia desmobilizar os protestos previstos durante os próximos dois meses, Joana Bordalo e Sá afirmou que “isso seria o desejável”. “Não é com um aumento de apenas 1,6% para todos os médicos que isso se vai resolver. Mas não é só uma questão de salários, é uma questão de condições de trabalho. A Fnam apresentou oito propostas e só uma delas é relacionada com grelhas salariais. As outras são relativas a condições de trabalho. Até à data não temos qualquer tipo de resposta”, lamentou.

A caravana da Fnam vai passar por Viana do Castelo, Braga, Bragança, Chaves, Penafiel, Aveiro, Coimbra, Leiria, Guarda, Viseu, Setúbal, Évora, Faro e acabará em Lisboa, com uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde no dia 14 de Novembro. Esse é o primeiro de dois dias de greve nacional. Irá ainda a Bruxelas, ao Parlamento Europeu e à delegação da Comissão Europeia, para a entrega de um manifesto em defesa de uma saúde pública.

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