Furacão Idália ganha força antes de se abater sobre a Florida

Tempestade já passou por Cuba, inundando aldeias costeiras. Há 14 milhões de residentes na Florida que poderão estar na rota de furacão.

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A tempestade deixou zonas costeiras de Cuba inundadas ALEXANDRE MENEGHINI/Reuters

A tempestade tropical Idália evoluiu para furacão nesta terça-feira, depois de ter passado por Cuba e à medida que se aproxima da costa da península da Florida virada para o golfo do México. Prevendo que o furacão possa atingir a categoria três, as autoridades norte-americanas ordenaram evacuações e exortaram os residentes a prepararem-se para a tempestade que atingirá a costa na quarta-feira.

É esperado que Idália atinja na manhã de quarta-feira o estatuto de furacão de grandes proporções – quando estas tempestades sustêm ventos de, pelo menos, 179 quilómetros por hora –, antes de atingir a região costeira, de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC, sigla em inglês), com sede em Miami, nos Estados Unidos (EUA).

As projecções mais recentes do NHC apontam para que o centro do furacão atravesse a linha costeira da Florida algures na região de Big Bend, no Norte da península da Florida.

O furacão está a ganhar força e a incerteza da sua rota, à medida que vai para norte e que passa pelas águas quentes do golfo do México, coloca cerca de 14 milhões de residentes na Florida sob alerta.

As autoridades disseram que a principal ameaça de Idália é a sobrelevação das águas que poderão entrar em terra devido aos ventos fortes, inundando as regiões baixas da costa. “Apertem os cintos”, disse o governador da Florida, Ron DeSantis, esta segunda-feira, aos canais noticiosos.

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Um homem protege uma loja antes da chegada do furacão à Florida MARCO BELLO/REUTERS

Na altura que o furacão atingir a costa do continente, nesta quarta-feira, é esperado já ter atingido a categoria três na escala de ventos Saffir-Simpson, de acordo com o NHC.

Caso isso aconteça, será o quarto furacão de grandes proporções a atingir a Florida nos últimos sete anos, a seguir ao Irma, em 2017, ao Michael, em 2018, e ao Ian, que atingiu a categoria cinco, em Setembro de 2022.

O NHC disse que, neste momento, o Idália estava a cerca de 135 quilómetros de distância da ponta oeste de Cuba e viajava para norte, sustentando ventos máximos de 120 quilómetros por hora.

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Os preparativos para a chegada do furacão, na Florida MARCO BELLO/REUTERS

Fuga em Cuba

Os cubanos apressaram-se a evacuar as cidades costeiras, fecharam as suas casas e colocaram os barcos de pesca em segurança à medida que a tempestade Idália permaneceu durante horas na segunda-feira perto da região oeste da ilha do arquipélago das Caraíbas.

A meio da tarde, águas castanhas inundaram a pequena aldeia de Pescadores de Guan, a uma hora de carro a sul de Havana.

Autocarros com décadas de vida, já sem tábuas no chão, nem janelas, levaram mulheres e crianças para lugares a maior altitude à medida que os ventos uivavam, abanando telhados de chapa e barcos de pesca que estavam enfiados nos mangais.

“Já tivemos dois dias de chuva”, disse Yadira Alvarez, de 34 anos, à medida que se preparava para a retirada com os seus cinco filhos. “Tentamos preparar-nos, mas, o que quer que a gente faça, tudo vai ficar encharcado.” A sua casa já tinha sido inundada com água até ao joelho por causa da chuva, disse.

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Joel Garcia, de 53 anos, conduz um autocarro escolar para retirar pessoas das suas casas em Cuba Alexandre Meneghini/REUTERS

Mais para oeste, os ventos mais intensos e próximos do ciclone já tinham golpeado a província de Pinar del Rio, rica em plantações de tabaco, a matéria prima para as melhores cigarrilhas cubanas a nível mundial.

As autoridades retiraram dezenas de milhares de pessoas não só daquela província, mas também da vizinha Artemisa, enquanto chuvas torrenciais inundavam a capital do país.

Em direcção ao alto

A evacuação de ilhas-barreira e de outras áreas baixas da costa da península da Florida iniciou-se na segunda-feira. Shannon Hartsfield, que tem um barco de pesca na baía de Apalachicola, deu ouvidos aos avisos, apesar de viver a oeste do local onde se prevê que o furacão entre em terra.

Hartsfield e muitos outros pescadores retiraram a maioria dos seus barcos da baía e mudaram-nos para zonas mais altas, disse ele. Outros que não conseguiram ir a tempo e deixaram para trás as suas armadilhas para caranguejos têm agora de esperar para avaliar quais serão as suas perdas após a tempestade passar.

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Um sinal na Florida a dar conta da retirada de residentes MARCO BELLO/REUTERS

De terça a quinta-feira, a costa da Florida na região do golfo, o Sudeste do estado da Geórgia e as regiões a leste dos estados da Carolina do Norte e da Carolina do Sul poderão enfrentar chuvas torrenciais de 10 a 20 centímetros de altura, que poderão provocar inundações espalhadas por aqueles territórios, além da sobrelevação das marés, avisou o NHC.

Os grupos de escolas daquelas regiões cancelaram as aulas a partir de segunda-feira à tarde. O Aeroporto Internacional de Tampa planeou suspender as operações comerciais a partir de terça-feira ao meio-dia.

O governador DeSantis declarou o estado de emergência em 46 municípios da Florida. Cerca de 5500 agentes da Guarda Nacional foram mobilizados e milhares de trabalhadores técnicos de electricidade estão a pronto para restaurar a energia logo após a passagem do furacão.

Bastante mais a leste de Idália, o furacão Franklin, o primeiro grande furacão da temporada, vagueia pelo oceano Atlântico. Está previsto que vire para Nordeste nos próximos dois dias. A tempestade de categoria quatro ameaça trazer muita chuva para o arquipélago das Bermudas e para a costa leste dos EUA ao longo da semana.

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