Militares do Níger recusam entrada no país da delegação da CEDEAO, União Africana e ONU

Junta militar nomeou um primeiro-ministro e diz que está a trabalhar na transição, com vista a convocar eleições. Golpistas recusam reinstituir Bazoum no cargo de Presidente.

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Ali Lamine Zeine, o novo primeiro-ministro do Níger, numa foto de arquivo Joshua Roberts/REUTERS
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Os militares golpistas do Níger, que na noite de segunda-feira nomearam o antigo ministro das Finanças Ali Lamine Zeine como primeiro-ministro, recusaram esta terça-feira a entrada no país à delegação de representantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana e Nações Unidas que se deveria reunir, em Niamey, com a junta militar no poder.

Uma fonte da presidência da junta confirmou esta decisão à agência EFE, acrescentando que os responsáveis do autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que levou a cabo o golpe, consideram a missão da CEDEAO "inútil", uma vez que "a sua posição” sobre a situação no Níger “é conhecida".

A fonte referia-se às sanções financeiras e comerciais impostas pelo bloco regional e à sua ameaça de acção militar se a ordem constitucional não for restabelecida no país.

Numa altura em que os líderes da CEDEAO se preparam para analisar a situação, na quinta-feira, na segunda cimeira extraordinária desde o golpe militar de 26 de Julho, a junta mostra-se desafiadora em resposta à pressão externa para que a ordem constitucional seja reposta.

De acordo com a mesma fonte, o CNSP recusa liminarmente voltar a instituir o Presidente Mohamed Bazoum no seu cargo, garantindo apenas que os militares estão a trabalhar “numa dinâmica de transição que deverá conduzir à organização de eleições”, sem, contudo, ainda ter um calendário definido.

Dessa dinâmica faz parte a nomeação de Lamine Zeine para o cargo de primeiro-ministro. O economista dirigiu a pasta das Finanças na presidência de Mamadou Tandja, derrubado por um golpe em 2010. Volta agora para substituir Mahamadou Ouhoumoudou, que estava na Europa e se recusou a reconhecer o poder da junta.

A CEDEAO ameaçou com o uso da força e deu uma semana de prazo aos golpistas para voltar atrás, prazo que terminou no domingo sem qualquer comentário oficial da organização. Várias vozes têm insistido esta semana em manter a via da diplomacia aberta, linha que deverá ser a seguida pelo bloco regional, tendo em conta a falta de entusiasmo de alguns dos seus membros pela opção militar.

Mali e Burkina Faso, membros suspensos da organização por serem liderados por governos interinos saídos de golpes de Estado, mostram-se solidários com o Níger e prometeram ajudar em caso de intervenção militar da CEDEAO.

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