Incêndio de Castelo Branco está em “resolução”, mas ainda é o que reúne mais meios

Dispositivo no terreno começa a desmobilizar, mas ainda há “muito trabalho” de consolidação pela frente, segundo a Protecção Civil. Fogo provocou 14 feridos, a maioria bombeiros.

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Incêndio de Castelo Branco provocou ferimentos em 11 pessoas, a maioria bombeiros LUSA/Miguel Pereira da SIlva
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O incêndio que, desde sexta-feira, atinge os concelhos de Castelo Branco e Proença-a-Nova entrou, ao final da tarde deste domingo, “em resolução”, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). Ao início do dia, as autoridades já tinham dado conta de que as operações no terreno estavam “evoluir muito favoravelmente”.

O dispositivo de combate no terreno está a começar a desmobilizar, mas ainda há “muito trabalho” de consolidação pela frente. Na manhã desta segunda-feira, ainda se contabilizavam 839 bombeiros no terreno, apoiados por 308.​​

A actualização sobre a evolução do incêndio foi anunciada em conferência de imprensa, ao final da tarde, pelo 2.º Comandante Regional da Protecção Civil, José Guilherme Marcos. Essa classificação “não é igual a que estejamos descansados”, precisou. Há ainda muitas “zonas quentes” e até incandescentes, pelo que continua a haver “muito trabalho” pela frente no terreno.

O dispositivo de combate, que chegou a ultrapassar os 1000 operacionais, começou a desmobilizar. Segundo o portal da ANEPC, às 18h55 estavam no local 915 operacionais, apoiados por 331 veículos terrestres e quatro aeronaves. Nos próximos dias “há-de ficar o dispositivo necessário para os trabalhos de consolidação”, garantiu o mesmo responsável.

De manhã, o mesmo responsável da Protecção Civil já tinha avançado que o combate a este incêndio estava a evoluir muito favoravelmente”, apesar de continuar a ser considerado “activo” pela necessidade de “manter a estabilização do perímetro do incêndio” que atingiu os 60 quilómetros.

“É uma área muito grande, que tem pelo meio muitas povoações dispersas”, ilustrou, numa conferência de imprensa na manhã neste domingo, apontando este dado como “um dos grandes constrangimentos” sentidos pelos operacionais que têm combatido as chamas.

A atenção das autoridades centrou-se, durante a tarde de domingo, em evitar reacendimentos mais fortes, mantendo para isso um par de aeronaves em vigilância constante. O vento, as altas temperaturas e o facto de as encostas a Sul estarem “muito quentes” implicavam maiores cuidados.

Este incêndio provocou ferimentos ligeiros em 14 pessoas, a maioria bombeiros. Oito das vítimas (todas bombeiros) receberam assistência no local e outras seis tiveram que receber tratamento hospitalar: quatro bombeiros, um GNR e um civil. Já todos receberam alta.

O incêndio de Castelo Branco e Proença-a-Nova obrigou, durante o dia de sábado, ao encerramento de diversas estradas. Neste momento, já não há nenhuma via interdita, mas a Protecção Civil pede às populações que evitem o trânsito na zona afectada.

Este incêndio deflagrou ao início da tarde de sexta-feira na localidade de Carrascal, no concelho de Castelo Branco, “numa zona de difícil acesso”, segundo classificou a Protecção Civil. Até ao início da tarde de sábado tinham ardido mais de 6000 hectares. As autoridades não voltaram a fazer um balanço da área ardida entretanto, que só deverá ser feito nos próximos dias, segundo José Guilerme Marcos.

Também só agora é que os serviços municipais das câmaras de Castelo Branco e Proença-a-Nova poderão fazer uma avaliação dos estragos causados pelo incêndio. A Protecção Civil avança que arderam algumas habitações devolutas e anexos, mas não tem informação de danos em casas habitadas.

Autarquias activam emergência

Os municípios de Castelo Branco e Proença-a-Nova declararam este domingo a situação de alerta nos seus territórios e activaram os planos municipais de emergência.

A Câmara de Castelo Branco declarou a situação de alerta em todo o seu território, em vigência até terça-feira, podendo a mesma ser prolongada caso a situação assim o determine, referiu a autarquia, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A declaração decorre da necessidade de adotar medidas preventivas e especiais de reação face ao perigo de incêndio máximo e muito elevado, previsto pelo IPMA [Instituto Português do Mar e da Atmosfera] para o concelho de Castelo Branco, e ainda do forte empenhamento de meios dos vários agentes de proteção civil e entidades com especial dever de cooperação, ao nível municipal, no incêndio rural ocorrido na localidade de Carrascalesclareceu.

Segundo a nota de imprensa, a situação de alerta determina o acionamento do plano municipal de emergência, a proibição de acesso, circulação e permanência no interior de espaços florestais previamente definidos, proibição de realização de queimadas e proibição total da utilização de fogo de artifício.

Solicita-se a toda a população que não pratique actos negligentes e que esteja atenta a todas as situações que impliquem maior preocupação, apelou aquela autarquia.

A Câmara de Proença-a-Nova, concelho vizinho que é igualmente afectado pelo incêndio que progride desde sexta-feira, também declarou a situação de alerta e activou o seu plano municipal de emergência, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, João Lobo, referindo que a comissão de proteção civil municipal reuniu este domingo e foi unânimena tomada de tal decisão. A declaração de situação de alerta permite agilizar algum tipo de trabalhos e ativar determinados meios, explicou.

Seis distritos com aviso vermelho de calor

Na manhã desta segunda-feira, cerca de 1000 bombeiros combatiam os três incêndios em curso que mais preocupações levantam às autoridades — em Odemira (o que mais recursos mobiliza neste momento), Ourém e Mangualde, segundo a Protecção Civil. Este último deflagrou durante a madrugada numa zona agrícola em Terra do Pedro (Reguengo de Monsaraz) e reúne 63 bombeiros apoiados por 19 viaturas.

O ​aviso vermelho para esta segunda-feira devido ao calor foi alargado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) aos distritos de Lisboa e Setúbal, depois de já terem sido accionados em Castelo Branco, Santarém, Évora e Portalegre. Está activo desde as 04h30 e pelo menos até às 23h.

Estes avisos passam a laranja até final do dia de terça-feira em Évora, Santarém, Castelo Branco e Portalegre. Nos distritos de Lisboa e Setúbal o aviso passa directamente para amarelo (o terceiro mais grave) a partir das 23h, mantendo-se assim pelo menos até final de terça-feira.

Também sob aviso laranja até final do dia estão Braga e Beja. Nos distritos de Viseu, Leiria e Coimbra, o aviso laranja mantém-se até final do dia de terça-feira, passando depois para amarelo. Já em Bragança e na Guarda o aviso laranja permanece activo até às 23h de quarta-feira.

Dos 18 distritos de Portugal continental, Faro é o único que não se encontrará nos próximos dias sob qualquer tipo de aviso, segundo o IPMA.

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