Adesão à greve dos médicos ronda os 95% e há hospitais só com serviços mínimos

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Sindicatos consideram "totalmente inaceitável" proposta do Governo, avançando para a greve Manuel Roberto
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A adesão à greve dos médicos, nesta terça-feira, ronda os 95%, com blocos operatórios encerrados de Norte e Sul do país, e, nalguns casos, chega aos 100%, como no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, segundo o sindicato.

Em declarações à Lusa, a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que convocou a paralisação, disse que, globalmente, a adesão é de cerca de 95% e, além de Coimbra, deu ainda o IPO do Porto e o Santo António como exemplos de adesões que chegaram aos 100%, apenas com serviços mínimos a funcionar.

"Temos blocos operatórios encerrados de norte a sul do país", disse Joana Bordalo e Sá, lembrando que, mesmo noutros hospitais, como, por exemplo, Braga, Viana do Castelo e Santa Marta (Lisboa), a situação é idêntica.

Quanto aos centros de saúde, a responsável sindical disse que a adesão era igualmente "fortíssima" - na ordem dos 95% - com diversas Unidades de Saúde Familiares (USF), de Norte a Sul do país, com 100% de adesão.

Questionada pela Lusa, Joana Bordalo e Sá disse que a FNAM, que esta terça-feira vai entregar os princípios da sua contraproposta durante uma concentração junto ao Ministério da Saúde, quer um mediador externo.

"Vamos entregar os princípios da contraproposta, mas acima de tudo o que esperamos ver é um mediador externo independente. Para quê? Nós não queremos outro calendário negocial", disse Joana Bordalo e Sá, acrescentando: "Queremos que isto se resolva como nos países civilizados, como, por exemplo, a Alemanha, em que, na presença de um mediador externo independente, como também já aconteceu em Portugal noutros sectores, a situação se resolve de forma célere".

E insistiu: "Queremos que fique claro, de uma vez por todas, que estamos nesta situação já desde há 15 meses por falta de competência e por má-fé por parte do Ministério da Saúde". "Os doentes não podem esperar mais", acrescentou.

Os médicos voltaram esta terça-feira à greve contra a proposta do Governo de valorização da carreira, uma paralisação de dois dias que a FNAM garante que não afectará a assistência aos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude.

Em causa está a proposta que o Governo apresentou na última semana aos sindicatos, no âmbito das negociações que se iniciaram ainda em 2022, e que a FNAM considera "totalmente inaceitável" por não contemplar a valorização salarial aplicada de forma transversal a todos os médicos.

A FNAM rejeita a manutenção das 40 horas de trabalho semanais e o acréscimo do limite de horas extraordinárias das actuais 150 para 300 por ano, o aumento "irrisório do salário base entre 0,4% e 1,6%", a manutenção das 18 horas de urgência e as regras previstas para o novo regime de dedicação plena.

Na sua contraproposta, a federação reivindica aumentos que compensem a perda de poder de compra dos médicos na última década, um horário semanal de 35 horas, a reposição das 12 horas em serviço de urgência e do regime majorado da dedicação exclusiva e a integração dos internos no primeiro grau da carreia.

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