O caminho perigoso do Presidente da República

Marcelo está a fazer uma coisa diferente dos seus antecessores e, num certo sentido, pior: está a contragovernar, não só por pensamentos, como por palavras e, acima de tudo, com obras.

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O Presidente, quando da “crise Galamba”, percebeu que não tinha condições para dissolver o Parlamento e por isso não teve outro remédio senão aceitar o facto consumado que o primeiro-ministro lhe colocou sobre a mesa. Fez então uma declaração de hostilidade ao Governo, anunciando que a partir desse momento ia ser particularmente vigilante sobre os actos da governação. Já de si esta declaração é politicamente inaceitável, porque, das duas uma, ou o Presidente tinha sido até então complacente com o Governo e fechava os olhos àquilo com que não concordava, o que não era suposto, se os assuntos fossem sérios; ou ia de algum modo “vingar-se” de António Costa, criando-lhe todas as dificuldades para a sua governação. A partir desse momento, o Presidente, todas as vezes que falava, e como se sabe ele fala muito, criticava o Governo, com mais ou menos dureza. E passou também a fazer essas críticas nos textos de promulgação dos diplomas. Passou a haver, mais do que já havia e com uma nova hostilidade, uma espécie de metadiscurso presidencial sobre a governação que não está de todo implícito no modo como no nosso sistema constitucional funciona o “semi” no “semipresidencialismo”.

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