Fed volta a subir taxas de juro. É o valor mais alto em 22 anos

Apesar da forte descida da inflação registada em Junho, a autoridade monetária dos EUA decidiu elevar a sua principal taxa de juro de referência para 5,5%. Subidas podem estar a aproximar-se do fim.

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Jerome Powel, presidente da Reserva Federal norte-americana Reuters/KEVIN LAMARQUE
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Depois de uma breve pausa em Junho, a Reserva Federal norte-americana voltou, esta quarta-feira, a subir as suas taxas de juro de referência. É a décima primeira subida desde Março do ano passado, num endurecimento da política monetária para tentar controlar a inflação que pode estar a chegar ao fim.

Tal como era esperado nos mercados, a principal taxa de juro de referência da Fed subiu mais 0,25 pontos percentuais e passou a estar situada no intervalo entre 5,25% e 5,5%. É o valor mais alto dos últimos 22 anos e representa um agravamento significativo dos custos de financiamento na economia face às taxas de juro coladas a zero que eram praticadas até Março de 2022 nos Estados Unidos.

A subida de taxas realizada pela entidade liderada por Jerome Powell acontece numa altura em que a inflação, que se aproximou dos 10% no final do ano passado, registou, em Junho, uma descida acentuada, para os 3%, bem mais próximo da meta de 2% do banco central. E numa altura em que, apesar de a economia continuar a crescer, se começam a notar mais sinais de abrandamento, particularmente com um crescimento mais moderado do número de empregos.

É por isso que as expectativas de que, a seguir a esta decisão de subir taxas de juro, a Fed volte a fazer uma pausa na próxima ou nas próximas reuniões têm vindo a ganhar força. Os responsáveis da Reserva Federal, contudo, optaram, no comunicado emitido esta quarta-feira no final da reunião, por dar poucos sinais relativamente ao que irão fazer nos próximos meses, não fechando a porta à possibilidade de novas subidas. A Fed diz que irá "continuar a avaliar informação adicional e a sua implicação para a política monetária", para "determinar a extensão do endurecimento da política adicional que pode ser apropriada" para atingir a meta da inflação.

Estas frases do comunicado são muito semelhantes às usadas no final da reunião de Junho, em que Jerome Powell e os seus pares optaram por fazer uma pausa nas subidas dos juros.

Na conferência de imprensa que se seguiu à decisão, o presidente da Fed fez tudo para deixar quem o ouvia na dúvida sobre aquilo que irá acontecer até ao fim do ano e, em particular, sobre qual será a opção da Fed na próxima reunião, agendada para 20 de Setembro. "Não tomámos qualquer decisão sobre as nossas reuniões futuras", afirmou Jerome Powell, não dando explicações em detalhe sobre aquilo que poderá levar a Fed a, ou subir ainda mais as taxas de juro ou a ficar por aqui.

O responsável máximo da autoridade monetária da maior economia mundial, no entanto, fez questão de passar a mensagem de que, nesta fase, a Fed já não está com pressa para subir as taxas de juro e travar a inflação. "A inflação tem vindo a mostrar-se de forma repetida mais forte do que nós e outras entidades esperavam. A certa altura isso pode mudar. Temos de estar prontos para seguir os dados e, tendo em conta o nível a que já chegámos, podemos dar-nos ao luxo de ser um pouco pacientes", disse.

Uma paciência que pode significar que a Fed, tal como aconteceu em Junho, pode estar disposta a fazer, no mínimo mais uma pausa, para esperar mais algum tempo para ver que efeitos têm as suas taxas de juro altas na economia e nos preços.

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