Atraso no desenvolvimento infantil: a importância da estimulação precoce

Segundo a OMS, uma em cada cinco crianças pode apresentar perturbações de desenvolvimento. No Dia Mundial do Cérebro, saiba porque os primeiros anos de vida são essenciais.

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O desenvolvimento infantil é um tema de grande interesse mas também de preocupação para os pais. Surgem muitas vezes dúvidas sobre o que é o desenvolvimento normal e a que sinais devem estar atentos.

Quando falamos em desenvolvimento normal significa que a criança adquiriu as aptidões e as capacidades apropriadas para a sua idade. Quanto mais afastada estiver uma criança do desenvolvimento normal, maior será a hipótese desta mesma criança estar afetada do ponto de vista psicomotor.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada cinco crianças pode apresentar perturbações de desenvolvimento, como é o caso de dificuldades na aprendizagem, Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, Perturbação do Espectro de Autismo, atraso mental, entre outras.

Existem fundamentalmente três fatores de risco que estão implicitamente ligados à perturbação do desenvolvimento: de natureza geral, onde se inclui situações de pobreza, abuso de drogas e álcool; pais com défice intelectual e perturbações psíquicas; fatores ambientais como pais com comportamento antissocial; crianças institucionalizadas e ausência de estrutura familiar e social; mas também fatores biológicos como anomalias cerebrais, grandes prematuros, doenças genéticas, meningite, entre outros.

Em relação aos sinais de alarme, é preciso saber identificar e não confundir o que é verdadeiramente patológico do normal. Uma criança pode sentar-se aos 6 meses até aos 9 meses, gatinhar aos 7 ou 9 meses e meio, caminhar aos 11 meses ou apenas aos 15, dizer duas palavras aos 18 ou simplesmente aos 24 meses.

Habitualmente e na sua grande maioria, é no primeiro ano de vida que os sinais de alarme são detetados. Estes são vários, desde a hipotonia ou redução do tónus muscular à hipertonia ou tensão muscular exagerada dos membros em qualquer idade, mas também não conseguir seguir a figura humana, não reagir ao som ou vocalizar às seis semanas, ter estrabismo persistente aos 6 meses, as mãos continuarem fechadas aos 3 meses, não se sentar, mudar de posição ou colocar objetos na boca até aos 9 meses, não estabelecer contacto nem reconhecer nenhum familiar aos 12 meses, não ter pinça fina — quando o bebé usa a mão para agarrar os alimentos — aos 14 meses, levar os objetos sempre à boca, não dizer adeus ou dar beijos aos 18 meses, não responder a simples ordens nem imitar aos 24 meses, caminhar com base larga aos 30 meses, não responder à voz, não se perceber o que está a dizer, não identificar objetos, não dizer uma frase com 3 palavras, ter falta de atenção, não construir nada, ter birras frequentes aos 3 anos, ser uma criança descoordenada, hiperativa e distraída aos 4 anos, ter uma linguagem incompreensível aos 5 anos.

Tendo em conta estes sinais de alarme do desenvolvimento psicomotor, é fundamental que a criança receba estimulação precoce.

Geralmente as terapias e as técnicas são iniciadas na fase de maturação da estrutura cerebral, o que ocorre nos primeiros meses até 2 anos e 11 meses. Ou seja, a criança ainda está em fase inicial de absorção, o que torna a estimulação precoce ainda mais eficiente no desenvolvimento das habilidades necessárias.

Esta estimulação vai oferecer uma série de estímulos direcionados para impulsionar o desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Podem ser estímulos auditivos, visuais, da função motora, manuais, cognitivas e sociais, da linguagem e da motricidade orofacial. A estimulação para além de ser feita pela terapeuta de fala, ocupacional e fisioterapeuta, tem de ter a participação da família.

A estimulação precoce faz aumentar a aptidão intelectual e irá sempre beneficiar a criança no seu todo.

Os pais, quando desconfiam que os filhos não estão a ter um desenvolvimento psicomotor adequado à sua idade, devem procurar sempre um pediatra, não só para confirmar se de facto a criança está com algum atraso, mas também para verificar se por trás deste mesmo atraso existe uma possível causa.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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