Prigozhin dá prova de vida a receber os seus mercenários na Bielorrússia

Líder do grupo Wagner aparece num vídeo divulgado esta quarta-feira, no qual elege as operações em África como objectivo imediato do seu exército privado.

Yevgeny Prigozhin: "Temos um novo caminho pela frente, em África" Reuters, Joana Bourgard

O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, apareceu em público pela primeira vez desde a rebelião de Junho, num vídeo divulgado esta quarta-feira nas redes sociais, no qual dá as boas vindas aos combatentes do grupo mercenário na Bielorrússia.

No vídeo, cuja autenticidade a Reuters não conseguiu verificar de imediato, Prigozhin (Ievgueni Prigojin na transliteração portuguesa) confirma que, por enquanto, os seus mercenários não voltarão a combater na Ucrânia, elegendo as operações em África como o objectivo imediato do grupo mercenário.

“Lutámos com honra. Fizeram muito pela Rússia. O que está a acontecer na linha da frente é uma desgraça na qual não temos de estar envolvidos”, diz Prigozhin no vídeo divulgado pelo seu serviço de imprensa no Telegram, no que poderá ser a primeira prova do paradeiro do líder do grupo mercenário desde o motim de 23 e 24 de Junho.

“Bem-vindos, rapazes... Bem-vindos ao solo bielorrusso”, diz ainda Prigozhin.

Desde que Prigozhin foi visto pela última vez a sair da cidade russa de Rostov, a 24 de Junho, o seu destino tem estado envolto em mistério. O vídeo agora divulgado foi filmado durante a noite, embora seja possível distinguir o que parece ser o perfil de Prigozhin e um grupo de homens.

O vídeo publicado esta quarta-feira mostra ainda Prigozhin a receber uma bandeira negra do grupo Wagner, decorada com o lema “Sangue, honra, pátria, coragem”.

Na semana passada, a Bielorrússia afirmou que os combatentes do exército mercenário estavam a dar instrução aos seus soldados num campo militar a sudeste de Minsk. Prigozhin diz, no vídeo, que os seus homens devem comportar-se perante os habitantes locais, ordena-lhes que treinem o exército bielorrusso e reúnam as suas forças para uma “nova viagem a África”

“E talvez regressemos à operação militar especial na Ucrânia em qualquer altura, quando tivermos a certeza de que não seremos obrigados a envergonhar-nos”, atira Prigozhin.

O grupo Wagner foi fundado por Prigozhin e Dmitri Utkin, um antigo oficial das forças especiais dos serviços secretos militares russos, o GRU. Participou na anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, lutou contra os jihadistas do Daesh na Síria, operou na República Centro-Africana e no Mali e, na Ucrânia, capturou a cidade de Bakhmut no início deste ano, com perdas consideráveis para ambos os lados.

Prigozhin afirmou que o seu motim não tinha como objectivo derrubar Putin, mas sim ajustar contas com o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e com o chefe do Estado-Maior, o general Valeri Guerasimov.

No vídeo divulgado esta quarta-feira, após o discurso de Prigozhin, um homem identificado como Utkin dirige-se aos mercenários presentes.

“Isto não é o fim. É apenas o início da maior obra do mundo, que terá lugar muito em breve”, diz Utkin em russo, antes de mudar para inglês: “And welcome to hell!” (“E bem-vindos ao inferno!”)

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