John Kerry pede à China para separar a crise climática da política

O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, está na China a terminar uma visita de três dias. As conversações com os responsáveis chineses esta semana foram construtivas mas complicadas, afirmou.

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O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, caminha ao lado do embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns (à esquerda), enquanto chegam para reuniões no Grande Salão do Povo em Pequim, China, 19 de Julho de 2023 EPA/Ng Han Guan / POOL

A mudança climática é uma "ameaça universal" que deve ser tratada separadamente de questões diplomáticas mais amplas, disse o enviado dos EUA para o clima, John Kerry, ao vice-presidente chinês Han Zheng esta quarta-feira, após dois dias de "conversas construtivas, mas complexas".

Reconhecendo as dificuldades diplomáticas entre as duas partes nos últimos anos, Kerry afirmou que o clima deve ser tratado como um desafio "independente" que requer os esforços colectivos das maiores economias do mundo para ser resolvido.

"Temos a capacidade de (...) fazer a diferença no que respeita ao clima", afirmou o enviado dos EUA durante uma reunião no Grande Salão do Povo de Pequim, o edifício do parlamento chinês.

Kerry chegou a Pequim no domingo, numa altura em que ondas de calor assolavam partes da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos, sublinhando a necessidade de os governos tomarem medidas drásticas para reduzir as emissões de carbono, que contribuem para o aquecimento global e para fenómenos meteorológicos extremos.

John Kerry reuniu-se com Wang Yi e Li Qiang, diplomatas de topo da China, bem como com Xie Zhenhua, um represntante do Governo chinês para as questões do clima, numa tentativa de restabelecer a confiança entre as duas partes antes das conversações sobre o clima da COP28, a realizar no Dubai no final do ano.

"Se nos conseguirmos unir durante os próximos meses que antecedem a COP28, que será a mais importante desde Paris, teremos a oportunidade de fazer uma diferença profunda nesta questão", disse John Kerry a Han.

Han afirmou que os dois países mantiveram uma comunicação e um diálogo estreitos sobre o clima desde a nomeação de Kerry como enviado, acrescentando que na declaração conjunta emitida pelas duas partes enviou um "sinal positivo" ao mundo.

Kerry disse aos jornalistas que as suas conversações com os responsáveis chineses esta semana foram construtivas mas complicadas, uma vez que as duas partes ainda estão a lidar com outras questões "externas" políticas, incluindo Taiwan.

"Estamos apenas a restabelecer a ligação", afirmou. "Estamos a tentar restabelecer o processo em que trabalhámos durante anos". "Estamos a tentar abrir um caminho muito claro para a COP, para podermos cooperar e trabalhar como sempre quisemos, com todas as questões externas", afirmou Kerry.

A diplomacia climática entre os dois maiores emissores mundiais foi suspensa em Agosto do ano passado, na sequência da visita da Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, uma ilha democraticamente governada que a China reivindica.

"O clima é muito, muito positivo", disse Kerry antes das reuniões desta quarta-feira. "Tivemos um jantar fantástico ontem à noite. Tivemos muitas trocas de ideias. É realmente construtivo". "Estamos concentrados na substância do que podemos realmente trabalhar e no que podemos fazer acontecer".

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