Oportunidades para jovens são desafios para universidades

As universidades podem marcar a diferença desenvolvendo metodologias que permitirão entretecer tais valores em todo o tecido do conhecimento formal, desde o ensino básico ao doutoramento.

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Hoje é Dia Mundial das Competências dos Jovens, uma efeméride criada em 2014 pelas Nações Unidas (ONU) para evidenciar a necessidade de capacitar os jovens e maximizar as suas perspetivas do ingresso na vida ativa. Este repto toma formas muito diferentes consoante a geografia — as condições na União Europeia estão talvez nos antípodas do que se encontra no Sul Global e portanto muitas das necessidades e expectativas irão necessariamente divergir. Haverá algum núcleo transversal de princípios e medidas comuns para informar o trabalho nessas múltiplas realidades para o qual as universidades possam contribuir?

Embora a ONU, com a efeméride, vise essencialmente a preparação técnica e profissionalizante que canaliza para o emprego e pequeno empreendedorismo, é visível uma intenção mais abrangente neste 15 de julho — a de garantir que os mais fracos e oprimidos são de facto incluídos e empoderados. Dificilmente as universidades irão estar diretamente envolvidas na formação dos jovens visados pela ONU. No entanto é altamente provável que estejam responsáveis pela preparação dos professores e profissionais que vão lidar diretamente com esses jovens: estarão portanto presentes nesta cadeia de valor, embora a montante.

Sobre a educação pretendida justifica-se considerar duas vertentes: o conhecimento propriamente dito e os valores que o percorrem. Estes últimos são simples de identificar mas complexos de concretizar. Incluem clássicos como a verdade, a paz, a humildade, a integridade e a solidariedade e alguns mais modernos como a transparência, a equidade, a tolerância e o auto-conhecimento. E o respeito pelo ambiente. E a empatia pela vida, incluindo das gerações futuras. Não é consensual que uma universidade (ou qualquer outra instituição de ensino) deva incluir formalmente esta dimensão nos seus currículos, mas sem ela produzimos conhecimento sem coração: o ponto de partida para radicalismo e liderança desumanizada ou egocêntrica.

As universidades podem marcar a diferença desenvolvendo metodologias que permitirão entretecer tais valores em todo o tecido do conhecimento formal, desde o ensino básico ao doutoramento, e particularmente na formação de professores — enfatizada pela ONU no tema para 2023 desta data. Já foi comummente aceite que os valores deveriam ser transmitidos pelo exemplo, mas na verdade deverão ser encontradas outras formas de os desenvolver na comunidade universitária.

Quanto ao conhecimento em si ele não pode ser gerado só pela universidade e em circuito fechado. A evolução destes jovens carece de prioridades como o foco nas mais valias sociais. Precisamos de criar pontes para um trabalho colaborativo com a comunidade que conduz ao conhecimento livre, o saber que circula e se adapta de forma a que os jovens se apropriam, crescem e ganham com ele.

As universidades já estão diretamente envolvidas no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº4, focado numa boa educação para todos. Se contribuirem para responder ao desafio do Dia Mundial das Competências dos Jovens conseguem chegar ao público que mais precisa dessa educação.

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