COP28: organização promete uma cimeira sobre o clima “brutalmente honesta”

Emirados Árabes Unidos afirmam que na cimeira do clima, prevista para Novembro, será finalmente criado um fundo para os danos climáticos.

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Sultan Al Jaber na Conferência de Bona sobre Alterações Climáticas, Alemanha, a 8 de Junho de 2023 Reuters/JANA RODENBUSCH

Os países presentes na cimeira da ONU sobre o clima deste ano têm de reconhecer o seu atraso em relação às metas das alterações climáticas e acordar um plano para entrar no caminho certo, disse esta quinta-feira o presidente do evento organizado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU).

Num discurso em que apresentou o plano do país para a cimeira COP28, que se realizará no Dubai em Novembro, Ahmed Al-Jaber afirmou que o evento deveria também produzir objectivos internacionais para triplicar as energias renováveis, duplicar as poupanças de energia e a produção de hidrogénio até 2030.

"Temos de ser brutalmente honestos em relação às lacunas que precisam de ser colmatadas, às causas profundas e à forma como chegámos a este ponto", afirmou Jaber numa reunião em Bruxelas com ministros do clima e funcionários de países como o Brasil, a China, os Estados Unidos e membros da União Europeia.

"Depois, temos de dar uma resposta abrangente, orientada para a acção e de grande alcance para resolver estas lacunas na prática", acrescentou.

A cimeira COP28 será a primeira avaliação formal do progresso dos países em relação ao objectivo do Acordo de Paris de limitar as alterações climáticas a 1,5 Celsius de aquecimento. As actuais políticas e promessas dos países não permitem atingir esse objectivo.

"Não nos podemos dar ao luxo de fazer um balanço sem sentido. Trata-se de prestar contas das nossas actualizações anteriores, presentes e futuras", afirmou Steven Guilbeault, ministro canadiano do Clima, na reunião de quinta-feira.

A avaliação na COP28 - conhecida como Global Stocktake - aumentará a pressão sobre os principais emissores para que actualizem as suas acções de redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Jaber afirmou que todos os governos devem actualizar as suas metas de redução de emissões até Setembro, o que os Emirados Árabes Unidos fizeram no mês passado.

Fundo para os países mais pobres

Os Emirados Árabes Unidos, um dos principais exportadores de petróleo da OPEP, têm sido pressionados a apresentar a sua visão para a cimeira COP28 e a orientar os preparativos dos cerca de 200 países que deverão participar.

Uma ronda de negociações preparatórias das Nações Unidas sobre o clima, em Junho, produziu poucos progressos. Os países passaram dias a discutir questões como a necessidade de discutir acções urgentes de redução de CO2 - conhecidas na gíria das Nações Unidas como "programa de trabalho de mitigação".

Jaber, que é também o presidente da empresa petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, ADNOC, afirmou que a cimeira COP28 tem também como objectivo a criação de um fundo prometido para compensar os países mais pobres onde as alterações climáticas estão a infligir danos irreparáveis.

Nas negociações do ano passado sobre o clima, os países chegaram a acordo sobre a criação de um fundo de "perdas e danos", mas deixaram as decisões mais difíceis para mais tarde, nomeadamente quais os países que devem contribuir para esse fundo.

As finanças têm dominado as recentes negociações sobre o clima, uma vez que os países mais pobres exigem maior apoio para investir em energia com baixo teor de carbono e para fazer face aos custos crescentes das secas, inundações e subida do nível do mar.

Jaber apelou a uma "transformação abrangente" das instituições financeiras internacionais, de forma a desbloquear mais capital para fazer face às alterações climáticas - fazendo eco das ideias apresentadas por nações vulneráveis ao clima, incluindo a "Iniciativa de Bridgetown", liderada pelos Barbados, para reformar as instituições financeiras multilaterais.

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