Governo do Iraque anuncia investigação ao caso da académica israelita raptada

Elizabeth Tsurkov, académica com dupla cidadania, israelita e russa, estará refém do grupo iraquiano apoiado pelo Irão Kata’ib Hezbollah.

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Elizabeth Tsurkov foi raptada em Março no Iraque Facebook
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O Governo iraquiano anunciou a abertura de uma investigação ao rapto de uma académica com cidadania israelita e russa no país. O Governo de Israel declarou, na quarta-feira, que Elizabeth Tsurkov estava refém da milícia xiita iraquiana Kata’ib Hezbollah, apoiada pelo Irão.

Um porta-voz do Governo do Iraque disse que não faria mais declarações sobre a questão até que houvesse resultados da investigação. O Governo de Israel afirmou que considerava o Governo iraquiano responsável pelo que acontecer a Tsurkov.

A académica é muito crítica do regime de Bashar al-Assad na Síria, daí que houvesse medo que fosse levada para o Irão.

O grupo Kata’ib Hezbollah declarou, num comentário ambíguo, que a acusação “da entidade sionista [seguindo a tradição de não referir o nome do Estado de Israel] de que um elemento da segurança de Israel está preso no Iraque é um indicador muito perigoso” e que a questão “deve ser abordada de forma cuidadosa e firme”. O grupo irá “trabalhar de modo incansável para descobrir o destino da refém ou reféns sionistas no Iraque”.

As autoridades israelitas insistem que Tsurkov não tem qualquer ligação à Mossad. Publicamente, era conhecida por ser muito crítica das acções de Israel contra os palestinianos.

Elizabeth Tsurkov, 36 anos, viajou para a região para pesquisa para o seu doutoramento em Princeton, com o passaporte russo (com o israelita seria impossível). Mas a imprensa de Israel sublinha que como Iraque e Israel se consideram Estados inimigos, o Estado hebraico proíbe viagens a cidadãos mesmo que tenham dupla nacionalidade. O Iraque criminalizou, pelo seu lado, contactos de pessoas de nacionalidade iraquiana com pessoas de nacionalidade israelita.

Uma fonte iraquiana citada pelo diário The New York Times disse que Tsurkov foi raptada em Bagdad no início do Ramadão, que começou a 23 de Março. Estava a sair de um café na Karrada, uma zona da capital iraquiana cheia de cafés, lojas e mercados.

Um diplomata ocidental no Iraque citado pelo Times disse que Tsurkov tinha chegado ao Iraque no início de Dezembro de 2022, e que tinha sido submetida a uma cirurgia de emergência à coluna em Bagdad, estando a recuperar da operação quando foi raptada.

Outro responsável disse que Tsurkov já tinha estado no Iraque mais de dez vezes. Um dos seus objectos de estudo eram os grupos xiitas do Iraque, incluindo os apoiados pelo Irão e também o de Moqtada al-Sadr.

Por causa do seu trabalho nos EUA, um dos think-tanks para onde Tsurkov trabalha, o New Lines Institute for Strategy and Policy, pediu aos Estados Unidos envolvimento nos esforços para a sua libertação.

Desde a invasão dos EUA de 2003 e da queda de Saddam Hussein, são os grupos e milícias xiitas que dominam a política iraquiana. Muitas têm ligações a Teerão, outras não, no diário israelita Haaretz, o historiador iraniano Arash Azizi explica que o grupo Kata’ib Hezbollah surgiu pelo descontentamento do Irão pela “discordância e descoordenação” das milícias xiitas iraquianas. Por isso, de todas as milícias e grupos, o Kata’ib Hezbollah é o que tem a relação mais próxima com os Guardas da Revolução do Irão.

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