Novo sistema online fornece dados sobre a acessibilidade do metro de Lisboa
Lisboa é a segunda cidade europeia com um sistema de dados que permite às pessoas com deficiência consultar a acessibilidade das estações de metro, antes de ficarem impedidas do uso do transporte.
Lisboa tem a partir desta sexta-feira um projecto de mobilidade inclusiva, pioneiro no continente europeu. Chama-se Willeasy e é um sistema de dados, universal e gratuito, que abrange os detalhes de acessibilidade da rede de metro, um motor de busca para filtrar as necessidades dos utilizadores com mobilidade reduzida e vinte itinerários turísticos para pessoas na mesma condição.
O projecto tem o nome da startup italiana Willeasy, cujo trabalho pretende contribuir para uma mobilidade urbana mais inclusiva, já que se dedica a melhorar a experiência de transporte de pessoas com deficiência.
A capital portuguesa passa a ser a segunda cidade europeia — depois de Londres — a fornecer este tipo de serviço. O sistema inclui dados como o número e a disponibilidade de escadas rolantes, elevadores, entradas e saídas das estações, plataformas, lances de escadas, cadeiras elevatórias e ainda o desnível existente entre a carruagem e a plataforma.
As informações são ainda pertinentes para outros cidadãos com mobilidade reduzida ou condicionada, como é o caso de grávidas ou de famílias numerosas.
Além disso, a Willeasy desenvolveu um motor de busca que permite a qualquer utilizador procurar por um restaurante, hotel ou museu de Lisboa que responda às suas limitações pessoais. Ao filtrar determinados requisitos, obtém serviços que respondem necessariamente a essas necessidades, como a altura de alguns dos equipamentos, existência de deficiências cognitivas, filhos pequenos ou animais de estimação.
Sobre os hotéis estão ao dispor informações como o espaço disponível em torno da cama, a largura da porta que acede para a casa de banho ou o nivelamento do chão com a base do duche, num restaurante é possível detalhar restrições alimentares ou opções vegetarianas. A par disso, foram concebidos pela empresa 20 itinerários turísticos, desenhados para assegurar condições de acessibilidade aos utilizadores.
A ferramenta já está disponível online e de forma gratuita para toda comunidade, quer sejam turistas ou habitantes de Lisboa, em três línguas: português, inglês e italiano. Trata-se de um modelo de crowdsourcing, o que significa que o os utilizadores vão ter a possibilidade de actualizar instantaneamente as informações que constam no site.
Com a aplicação I am a Willer, cada cidadão é convidado a identificar os equipamentos disponíveis nos espaços da cidade e, por exemplo, sinalizar que um elevador de uma estação de metro não se encontra a funcionar, melhorando a experiência do utilizador seguinte.
O CEO e presidente da Willeasy, William Del Negro, antevê estender o serviço que vigora no Metropolitano de Lisboa a outros meios de transporte, no que pretende que seja uma oportunidade para empresas públicas e privadas, gestoras de serviços de transporte e agências de viagens reavaliarem os seus espaços em prol da acessibilidade e inclusão social, projectando novas soluções a partir das necessidades que se fazem sentir na base de dados.
À data de lançamento, o sistema de software contava já com cerca de 35 hotéis, 80 restaurantes e 30 museus de Lisboa.
A Willeasy foi uma das vencedoras do open call VoxPop, projecto promovido pelo município de Lisboa e co-financiado pela Comissão Europeia e pelo Urban Innovative Actions. Assim como a Willeasy, os restantes dezassete projectos seleccionadas visam identificar e implementar soluções inovadoras para o desenvolvimento de uma mobilidade urbana acessível e inclusiva na cidade de Lisboa.