Enrique Vila-Matas: “O romance é uma arte ambígua e profundamente antitotalitária”

Montevideu, novo romance de Vila-Matas, é um dos melhores livros do catalão e aquele em que confessa ter descoberto o grande prazer da narrativa. Não é para se perder, a não ser lá dentro.

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Nascido em 1948, em Barcelona, Enrique Vila-Matas dissolve realidade e ficção numa obra incontornável Kike Rincon/Europa Press via Getty Images
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Enrique Vila-Matas (n. 1948) é, sem exagero, um dos nomes mais estimulantes da literatura, e o seu romance mais recente, um exercício da sua capacidade de explorar a fronteira entre realidade e ficção através de deambulações. Geográficas, temáticas, estilísticas, estéticas. Montevideu, original de 2022 agora publicado em Portugal, é um ponto alto desse jogo que o escritor, nesta entrevista, põe a par de outro dos seus grandes livros, O Mal de Montano. Vinte anos separam os dois livros, e nos dois o narrador e protagonista é um escritor às voltas com maldições, fantasmas, enigmas. Neste, há a sombra de um conto de Julio Cortázar, um bloqueio criativo, uma conversa com muitos escritores na tentativa de investigar coisas tão vastas quanto o que é a literatura, porque se escreve, o que pode funcionar como desbloqueador. Tudo andando por uma geografia conhecida: Paris, Cascais, Montevideu, Bogotá, Barcelona, sempre Barcelona, ainda que raramente chamem a Vila-Matas um escritor de Barcelona, como se “queixa” nesta entrevista feita por email, por vontade do escritor. Ao enviar as respostas, pediu desculpa pelo tamanho, por haver “respostas melhores do que outras”, e abre parêntesis em relação ao tamanho do que enviou: (“Escrevi quase um romance completo.”)

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