O Nos Alive de sempre, com Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys ou Sam Smith

Praticamente esgotado, o festival arranca esta quinta-feira, com Red Hot Chili Peppers e Black Keys como cabeças de cartaz. Seguir-se-ão Lizzo, Arctic Monkeys, Sam Smith ou Queens of the Stone Age.

Foto
Os Red Hot Chili Peppers em Fevereiro deste ano, num concerto em Sydney Don Arnold/WireImage/Getty Images

O ano passado foi o do regresso, depois duas edições canceladas pela pandemia. E foi, de certa forma, o melhor regresso possível: como se não se tivesse vivido um hiato de dois anos, encontrámos tudo exactamente tal como nos habituáramos no Passeio Marítimo de Algés, casa do Nos Alive desde a sua estreia, em 2007. Este ano, excepção feita ao facto de o festival regressar ao seu formato clássico de três dias, depois dos quatro de 2022, não se espera que seja diferente. Desta quinta-feira e até sábado, a história continuará com Red Hot Chili Peppers, Black Keys, Lizzo, Arctic Monkeys, Sam Smith, Angel Olsen, Idles ou Queens of The Stone Age.

Com os passes gerais e de dois dias esgotados, bem como os bilhetes diários para quinta e sexta-feira, o Nos Alive voltará a atrair as multidões que fizeram dele um dos mais bem-sucedidos festivais de Verão portugueses, muito atraente também para o público estrangeiro, como se vem tornando norma, de resto, nos eventos musicais nacionais de dimensão equiparável – em 2022, passaram pelo Nos Alive 210 mil espectadores, 25 mil dos quais de fora do país.

No recinto, encontraremos os espaços habituais. O palco Nos, dito o principal, para onde convergem cabeças de cartaz e fenómenos de massas (ali veremos esta quinta-feira Red Hot Chili Peppers e Black Keys), o palco Heineken, cenário para bandas em ascensão, revelações, fenómenos de culto, lendas para multidões menos massivas (por lá passarão, no arranque, Spoon, Jacob Collier, Ibibo Sound Machine ou Xinobi), e o WTF Clubbing, centrado nas linguagens electrónicas e nos sons urbanos, mas que se abre a outras contaminações, como o comprova o alinhamento da jornada inaugural, onde convivem Nídia, Ana Lua Caiano, Club Makumba ou Throes & The Shine. Além destes, o festival acolhe o Coreto, exclusivamente dedicado a nomes recentes do panorama nacional, o habitualmente concorrido Palco Comédia, o Fado Café e o Pórtico Nos Alive.

No primeiro dia, é certo que as atenções estarão concentradas nos Red Hot Chili Peppers. A banda de Anthony Kiedis e Flea regressou aos álbuns no ano passado, e logo em dose dupla, com Unlimited Love e Return of the Dream Canteen, mas é certo que, mais do que as novas canções, os fãs esperarão, neste reencontro após o concerto no Super Bock Super Rock de 2017, os clássicos de uma carreira longa de quatro décadas. O mesmo, de resto, deverá aplicar-se aos Black Keys, o duo que, ao longo da sua carreira, saltou do circuito independente garage rock para o patamar de banda de estádio – era 2011 e Lonely boy tornava-se omnipresente —, e que editou em 2022 o seu 11.º álbum de estúdio, Dropout Boogie.

No palco Heineken, destaque natural para os ícones indie Spoon, para o sincretismo afrobeat-disco-pós-punk dos Ibibio Sound Machine e para o jovem prodígio pop britânico, Jacob Collier, que passou no ano passado pelo Hard Club, no Porto, e no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Menos de um ano depois de terem antecipado no festival Kalorama, em Lisboa, um par de canções do álbum The Car, os Arctic Monkeys regressam a Portugal na mesma condição (inevitável, dado o seu estatuto) de cabeças de cartaz. Alex Turner e companhia serão, à primeira vista, o nome mais aguardado do segundo dia de Nos Alive, sexta-feira, o mesmo em que actuam os enérgicos Idles, banda charneira da muito activa, muito zangada, cena rock britânica de anos mais recentes.

A diversidade da programação pode, porém, trazer algumas surpresas. Afinal, veremos no palco principal Lizzo, autora de soul, funk e r&b luminosos, flautista e compositora que é actualmente uma das maiores estrelas no universo anglo-americano, o mesmo acontecendo com Lil Nas X, também ele a estrear-se em palcos portugueses e outra figura de destaque no cartaz de sexta-feira. Catapultado para o estrelato há três anos, através do sucesso viral Old town road, o rapper, que editou o seu primeiro longa duração, Montero, em 2021, afirmou uma identidade queer partindo de um imaginário improvável, o da música country.

Sexta-feira é, também, o dia em que chegam ao Nos Alive dois pesos pesados, de gerações diferentes, da música portuguesa: Linda Martini e Jorge Palma, ambos no Palco Heineken, este último trazendo com ele o recente Vida, primeiro álbum de originais em mais de uma década. No WTF Clubbing, por sua vez, atenção a dois nomes destacados no cenário actual do hip hop português, Papillon e Lhast.

Apesar de, no seu âmago, o Nos Alive se manter um festival associado ao universo rock nas suas diversas declinações – eis uma delas a sobressair no último dia, peso e agressividade e pé no roll de rock’n’roll, ou seja, os Queens of the Stone Age, que virão apresentar In Times New Roman… —, a verdade é que desde muito cedo os seus cartazes foram reflexo de uma visão musical mais abrangente. Eis então, no último dia, aquele em que subirão a palco uma das mais celebradas cantautoras da última década, Angel Olsen, um fenómeno muito americano chamado Machine Gun Kelly, a australiana Tash Sultana e os seus conterrâneos Rüfüs Du Sol ou a nipo-britânica Rina Sawayama, o lugar mais destacado do cartaz a ser ocupado por Sam Smith.

É a terceira actuação do cantor de Stay with me no Nos Alive, mas agora a história será outra. O cantor britânico, que virá apresentar Gloria, álbum editado no início deste ano, é por estes dias rei do streaming e estrela pop de primeiro plano. Sobre ele cairão as luzes dos holofotes na despedida da edição 2023 deste novo Nos Alive, o Nos Alive de sempre.

Sugerir correcção
Comentar