Montenegro critica posição de Lagarde sobre taxas de juro e quer aumento de salários

Presidente do PSD considera que a potencial ida do primeiro-ministro para um cargo europeu não passa de um “um ‘fait-diver’ que dá muito jeito a António Costa”.

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Líder social-democrata participou numa reunião do Partido Popular Europeu em Bruxelas LUSA/RODRIGO ANTUNES

O presidente do PSD criticou esta quinta-feira as declarações da presidente do Banco Central Europeu (BCE) sobre a inflação ser consequência do aumento dos salários e considerou que em Portugal é "absolutamente urgente" aumentá-los.

"Queria registar a nossa divergência para com a posição do BCE, em particular da senhora Lagarde, no que concerne à valorização dos salários em Portugal. Não acompanhamos [a ideia de] que o combate à inflação pode estar em causa pela valorização dos salários", defendeu Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião do Partido Popular Europeu (PPE), em Bruxelas.

E considerou que em Portugal a trajectória tem de ser essa: "Se há coisa que em Portugal é absolutamente urgente e premente é, quer na administração pública, quer no sector privado, haver uma valorização do nível salarial".

Para Luís Montenegro é importante fazê-lo, não só para melhorar as condições de vida dos portugueses, como também para haver uma retenção de profissionais.

"O aumento das taxas de juro que se vem acumulando nos últimos meses já está a produzir efeitos e não podemos, por um lado, querer estar a enfatizar a descida da taxa de inflação e, por outro, insistir numa receita que a partir de um determinado momento começa a ter um efeito pernicioso", completou o líder social-democrata.

Em Portugal, exemplificou Luís Montenegro, o aumento das taxas de juro está a ser "penalizador para muitas famílias que têm crédito à habitação e que já estão confrontadas com uma situação dramática".

Montenegro criticou o Governo socialista de António Costa, apelidando-o de "campeão na cobrança de impostos", que "acumula recorde atrás de recorde".

"Convém que o Governo português e o primeiro-ministro possam olhar para a situação e fazer valer a sua voz [...], tem aqui uma boa oportunidade, no Conselho Europeu, para sensibilizar os seus congéneres para a necessidade de haver equilíbrio, salvaguardando a economia e a população portuguesa", apelou.

Costa na UE é "fait-diver" para desviar atenções

Luís Montenegro considerou ainda que a possibilidade de o primeiro-ministro, António Costa, ser candidato a um cargo europeu é um "fait-diver" para desviar as atenções dos verdadeiros problemas do país.

"Eu aqui não ouço nada a esse propósito, creio que é um "fait-diver" que dá muito jeito a António Costa", disse Montenegro. Na opinião do presidente social-democrata, a questão, levantada no final da semana passada, vai "entretendo com aquilo que se diz na praça pública e escondendo a falta de médicos nos centros de saúde, a falta de professores nas escolas, o recorde de carga fiscal que a cada mês" os portugueses acumulam.

António Costa "impõe um sacrifício que é excessivo até para cumprir um montante de receita fiscal e contributiva que já era o maior de sempre", completou Luís Montenegro.

No início desta semana, António Costa disse que não estava disponível para vir a ocupar qualquer cargo nas instituições da União Europeia, depois das eleições de Junho de 2024, em resposta a uma notícia do PÚBLICO que referia que o primeiro-ministro poderia ir para o Conselho Europeu.

António Costa explicou que não vai aceitar qualquer missão que coloque em causa a estabilidade do país. "Eu sou o garante da estabilidade. Já expliquei a todos que não aceitarei uma missão que ponha em causa a estabilidade em Portugal. Alguma vez eu poria em causa a estabilidade que tão dificilmente conquistei?", questionou.

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