Diplomata russo instala-se num contentor no local onde o Governo australiano proibiu embaixada

Polícia está a monitorizar o diplomata, que goza de imunidade. Primeiro-ministro da Austrália defende lei que suspendeu construção da nova representação diplomática russa, por suspeitas de espionagem.

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Primeiro-ministro desvaloriza presença do diplomata no local EPA/MICK TSIKAS
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Contentor foi instalado no terreno onde a embaixada estava a ser construída EPA/MICK TSIKAS
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Polícia está a monitorizar o diplomata russo EPA/MICK TSIKAS
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“A Austrália vai defender os seus valores e a sua segurança nacional. E um tipo ao frio, num pedaço de relva, em Camberra, não é uma ameaça à nossa segurança nacional.”

Foi desta forma que Anthony Albanese, primeiro-ministro da Austrália, reagiu esta sexta-feira às notícias sobre a presença de um diplomata russo no terreno onde estava a ser construída a nova embaixada da Rússia, em protesto contra uma lei recente que proibiu a continuação da obra, por suspeitas de espionagem.

O diplomata em causa instalou-se, no passado domingo, num contentor portátil, montado do lado de dentro da cerca de arame erguida pelas autoridades, em Yarralumla, nos arredores da capital australiana, noticiou na quinta-feira o jornal The Australian, e confirmaram os restantes órgãos de comunicação nacionais e internacionais que se deslocaram ao local.

Por gozar de imunidade diplomática, não pode ser detido. A Polícia Federal Australiana está, ainda assim, a monitorizar o diplomata à distância.

Em causa está a legislação aprovada na semana passada pelo Governo federal, liderado pelo trabalhista Albanese, na sequência de uma investigação dos serviços secretos do país, que resultou no desmantelamento de uma “colmeia” de alegados espiões russos que trabalhavam no edifício da actual embaixada e que, fazendo-se passar por diplomatas, procuravam ter acesso a informação classificada e roubar dados sensíveis, segundo o Sydney Morning Herald.

A nova lei cancelou o contrato de arrendamento do terreno ao Governo russo, justificando a decisão com “preocupações de segurança nacional”. Uma das justificações apresentadas foi o facto de o local da nova embaixada – cuja construção já estava em andamento – ser bastante próximo do Parlamento nacional.

A Federação Russa recusa as acusações e suspeitas de espionagem e contesta a legalidade da decisão, sublinhando que, entre outros argumentos, ela viola a Constituição do país e que há várias embaixadas de outros Estados naquele bairro dos arredores de Camberra, nomeadamente da China, dos Estados Unidos ou da África do Sul.

Esta sexta-feira, uma porta-voz do Ministério do Interior australiano revelou que Moscovo informou o Governo australiano de que vai avançar para o Tribunal Superior da Austrália para contestar judicialmente a legislação

“A contestação da Rússia à validade da lei não é inesperada”, esclareceu, no entanto, Clare O’Neil, citada pelo Guardian Australia. “Faz parte da cartilha russa.”

Na mesma linha, o primeiro-ministro australiano garantiu que o Governo tem total confiança na legalidade da sua posição sobre a nova embaixada russa.

“Estamos confiantes com a nossa posição jurídica e com a nossa Comissão de Segurança Nacional”, afirmou Albanese, citado pela Reuters. “E é claro que, quando considerámos este caminho, antecipámos que a Rússia não iria ficar contente com a nossa resposta.”

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