Motim em prisão feminina nas Honduras causa 41 mortes

Maioria das detidas morreu queimada, depois de terem sido ateados fogos em várias celas. A Presidente hondurenha, Xiomara Castro, prometeu “medidas drásticas” para combater a corrupção nas prisões.

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Familiares das detidas juntaram-se no exterior da prisão em busca de informações Reuters/FREDY RODRIGUEZ
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Pelo menos 41 mulheres morreram num motim numa prisão feminina nas Honduras, na terça-feira, em resultado de um confronto entre gangues rivais. A maioria morreu queimada, depois de terem sido ateados fogos em várias celas, enquanto muitas outras foram mortas a tiro.

As autoridades estão a trabalhar para identificar os corpos no Centro Feminino de Adaptação Social (CEFAS), uma penitenciária feminina para 900 pessoas a cerca de 20 quilómetros da capital hondurenha, Tegucigalpa, disse à Reuters Yuri Mora, porta-voz do Ministério Público.

Delma Ordóñez, presidente de uma associação de familiares de presos, disse que o motim foi causado por membros dos gangues rivais Barrio 18 e Mara Salvatrucha (MS-13).

“Estou chocada com o monstruoso assassinato de mulheres no CEFAS, que foi planeado por gangues com a complacência das autoridades de segurança”, afirmou a Presidente das Honduras, Xiomara Castro, prometendo tomar “medidas drásticas”.

A primeira acção de Castro, logo na noite de terça-feira, foi substituir o ministro da Segurança, Ramon Antonio Sabillon, pelo chefe da polícia nacional, Gustavo Sánchez. Mais medidas serão anunciadas esta quarta-feira, disse o gabinete da Presidente hondurenha, para “combater o crime organizado e desmantelar o boicote à segurança promovido dentro das prisões”.

O motim foi provavelmente uma reacção à repressão do Governo nos últimos meses contra a corrupção dentro das prisões, disse Julissa Villanueva, vice-ministra da Segurança e responsável pelo sistema penal hondurenho, citada pela Reuters.

Uma comissão foi formada no início do ano com o objectivo de retirar o controlo das prisões das mãos dos gangues e afastar os guardas prisionais corruptos. “Não vamos recuar na luta contra a corrupção”, prometeu Villanueva num discurso televisionado na terça-feira à noite.

Familiares das mulheres presas na penitenciária juntaram-se no exterior da prisão em busca de mais informações sobre o que aconteceu.

“Quero saber o que aconteceu à minha filha, mas ainda não nos informaram”, disse uma mulher que se identificou como Ligia Rodríguez numa entrevista ao Canal 3 das Honduras.

As Honduras têm um historial de incidentes mortais em prisões. Em 2012, um incêndio na Penitenciária de Comayagua causou mais de 350 mortes e, em 2019, 18 pessoas morreram num confronto entre gangues numa prisão situada na cidade costeira de Tela.

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