Líder dos Rammstein está a ser investigado por agressões sexuais

O Ministério Público de Berlim confirmou que Till Lindemann é suspeito de ter cometido crimes sexuais e delitos relacionados com drogas.

Foto
Till Lindermann afirmou, através dos seus advogados, que todas as alegações, “sem excepção”, são falsas DR
Ouça este artigo
--:--
--:--

O líder da banda alemã Rammstein, Till Lindermann, está a ser oficialmente investigado por alegados crimes sexuais. O Ministério Público de Berlim confirmou esta quarta-feira ao final da tarde, na sequência de uma notícia do diário berlinense Tagesspiegel, que tinha iniciado uma investigação ao vocalista por crimes sexuais e delitos relacionados com drogas.

Segundo o Tagesspiegel, o vocalista dos Rammstein é acusado ao abrigo da secção 177 do Código Penal Alemão, que trata de agressões sexuais e violação, com penas que podem ir até cinco anos de prisão, ou mesmo dez quando existam circunstâncias agravantes, como a violação de pessoas indefesas.

Outro jornal de Berlim, o B. Z., adianta que as investigações se baseiam em duas queixas diferentes, uma recebida pela polícia de Berlim e outra directamente apresentada ao Ministério Público.

Estas são as primeiras investigações oficiais desencadeadas desde que Lindemann, em Maio, começou a ser acusado de conduta sexual imprópria no contexto dos concertos da banda.

Shelby Lynn, uma jovem de 24 anos da Irlanda do Norte que foi a Vilnius, na Lituânia, assistir ao concerto de abertura da digressão dos Rammstein por diversos estádios europeus – prevê-se que actuem a 26 de Junho no Estádio da Luz –, contou nas redes sociais que tinha sido arregimentada para uma festa pós-concerto, durante a qual Lindemann tentou ter sexo com ela, tendo reagido com violência à sua recusa. Lynn apresentou também queixa na polícia lituana, mas esta não terá procedido a quaisquer averiguações.

Este testemunho levou a que surgissem nas redes sociais e na imprensa vários outros relatos comprometedores para Lindemann, incluindo o de uma mulher não identificada que em 2019, segundo o jornal inglês The Guardian, perdeu a consciência numa dessas festas pós-concerto, depois de assistir a uma actuação da banda em Viena, e acordou num quarto de hotel com o líder da banda.

Shelby Lynn já manifestou satisfação pela notícia de que Lindemann enfrenta uma investigação judicial. "Deixa-me muito feliz que as nossas vozes estejam finalmente a ser ouvidas e levadas a sério", disse a jovem ao jornal alemão Welt. “Para mim e para outras pessoas afectadas é um desenvolvimento com muito significado, especialmente após a reacção da polícia de Vilnius e dos advogados de Lindemann”.

O músico já tinha afirmado, através dos seus advogados, que todas as alegações, “sem excepção”, eram falsas, e ameaçara as queixosas com processos judiciais. Ainda não há uma reacção da banda à notícia de que Till Lindemann está a ser oficialmente investigado, mas um porta-voz dos Rammstein confirmou recentemente que os três concertos previstos para o Estádio Olímpico de Berlim, em meados de Julho, não iriam ser cancelados.

O assunto está a gerar forte polémica na Alemanha, e em particular em Berlim, onde a investigação contra o popular músico foi discutida esta quarta-feira à porta fechada no Parlamento estadual.

Mas a responsável do Interior e do Desporto no Governo de Berlim, a social-democrata Iris Spranger, já avisou publicamente que “em Berlim não haverá festas pós-show da banda Rammstein” em propriedades pelas quais seja responsável. "As alegações são tão sérias que dei prioridade absoluta à protecção e segurança das mulheres", afirmou, citada pelo Tagesspiegel.

E a porta-voz do partido Os Verdes para as questões relacionadas com as mulheres e a igualdade de oportunidades, Bahar Haghanipour, que é também vice-presidente do Parlamento estadual berlinense, considerou positivo que o Ministério Público esteja a investigar “as acusações surgidas nos últimos dias e semanas", já que, segundo afirmou ao Tagesspiegel, “dos relatos das mulheres que levantaram a voz emerge um sistema misógino de abuso”.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários