A tecnologia tem de estar ao serviço do aluno, que ainda é o futuro da educação

À boleia do tema do segundo episódio do videocast Perguntar Futuro, trazemos à conversa dois sistemas de ensino diferentes focados nos estudantes.

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O amanhã do ensino é o tema do segundo episódio do videocast Perguntar Futuro. daniel rocha/arquivo público
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Dois profissionais com percursos diferentes na educação debatem, no segundo episódio do videocast do Público Perguntar Futuro, o amanhã do ensino. À boleia deste tema, Tim Vieira, fundador da Brave Generation Academy, e Ana Cláudia Cohen, directora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, lançam-se ao futuro com entusiasmo. Com o aluno no centro das políticas educativas e no papel de agente agregador de forças comunitárias.

Um sinal da evolução da comunidade estudante em Alcanena, num exemplo que serve para ilustrar o rumo que o país tem de definir na educação, é a colocação das tecnologias ao serviço dos alunos. “Começámos em 2018 e quando veio a pandemia já toda a gente estava a trabalhar online, pelo que foi mais fácil adaptarem-se”, exemplifica Ana Cláudia Cohen.

Para a directora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, “as escolas inovadoras conseguem pôr os agentes a trabalhar em prol de uma sociedade madura”. Ou seja, a educação de amanhã já começou há muito – embora o debate seja perpétuo e divisório, a tecnologia já não é bem futuro. Centrar a educação no aluno é colocar o foco nas comunidades, permitindo uma partilha solidária das responsabilidades e dos contributos para formar melhores alunos.

“Colocámos os alunos a olhar para problemas que os circundam e a resolvê-los”, sintetiza. E explica: “A aprendizagem tem de se fazer também fora dos muros da escola e, quando trazemos a comunidade científica e empresarial, então somos bem-sucedidos. Nesta equação, é importante ouvir alunos. Se queremos uma civilização transformadora, temos de saber como aprendem e como é que os professores conseguem ensinar”, sublinha.

“Tem de haver um novo diálogo entre diversos sectores da educação, para a tornar inovadora. Como ter o 3.º ciclo em colaboração com institutos politécnicos e o secundário com universidades nacionais e estrangeiras”, avança Ana Cláudia Cohen.

Depois, os “alunos escolhem projectos com base na comunidade próxima e alargada”, e chega-se a patamares superiores de evolução e cidadania.

“Temos um concelho altamente industrializado. E fizemos um projecto nas escolas para substituir o crómio por algas na indústria dos curtumes. Os alunos apresentaram a proposta ao tecido empresarial e este apoiou-a”, exemplifica a gestora e professora.

Tim Vieira tem um percurso e uma visão prática diferentes dos de Ana Cláudia Cohen, mas olha para o futuro com os mesmos valores. “Tem de se pôr em primeiro lugar o aluno. A escola tem de ser mais personalizada, não pode ser feita para todos, mas para cada aluno, e temos as tecnologias para ajudar neste processo”, diz o fundador e CEO da Brave Generation Academy (BGA), que surgiu em Portugal e está presente em vários países com um sistema de ensino diferenciado, desde o tipo de aulas à avaliação, do espaço físico aos conteúdos.

“Vejo a escola a mudar bastante, o secundário e a universidade a ficar só um, a fundirem-se, não vamos ver diferenças. A educação não vai ser vista por idades, mas por maturidade, em função do interesse e da velocidade a que cada um vai”, antevê Tim Maia.

E, tal como Ana Cláudia Cohen, prevê que o grande foco será na formação psicossocial do aluno. “Vamos ter mais uma educação por projecto e menos por avaliação. Hoje, os alunos precisam sobretudo de ser mais criativos, de saber convencer pessoas. Isto é aquilo de que vamos precisar mais”, diz, sublinhando o papel do agente agregador que o aluno tem de ter.

“Temos de ter mais stakeholders – a comunidade, os pais, os professores, as empresas – a dar os seus contributos”, vaticina o CEO da BGA. “Precisamos da comunidade a ajudar as crianças a crescer, a ter valores, ética. Antigamente, fazíamos isso com os avós”, contextualiza. E acrescenta: “Precisamos que as empresas dêem mais estágios a alunos com interesse naquelas áreas específicas e a ajudar a descobrir talentos.”

“A escola do futuro será mais personalizada, mais flexível”, sintetiza Tim Vieira. “Os professores terão de ser cada vez mais virados para as pessoas e não tanto para o conteúdo e de ter mais competências psicossociais, professores mais jovens e mais velhos, uns mais criativos e outros com muita experiência de vida”, conclui.

No segundo episódio do videocast do Perguntar Futuro – disponível a partir de 1 de Junho em publico.pt/perguntar-futuro – debatem a educação Dulce Garcia, professora de educação especial e membro da direcção do projecto Mentes Sorridentes, e Kyriakos Koursaris, director tecnológico na United Lisbon International School.


Temas do presente que estão a transformar o futuro: oito conversas entre o diálogo e o desafio, protagonizadas por especialistas com experiências distintas e diferentes visões sobre a educação, a banca, a energia, o entretenimento, as cidades, a saúde, a inteligência artificial, a biotecnologia. Perguntar Futuro é uma série editorial em formato de videocast produzida pelo Público, com o apoio da Sonae.


Artigo alterado às 12h36 de 31 de Maio de 2023, para corrigir a data de publicação do 2.º episódio do videocast Perguntar Futuro.


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