Viver com insuficiência cardíaca

Naquele que é o mês do coração, torna-se importante sensibilizar para uma patologia cada vez mais prevalente na nossa população: a insuficiência cardíaca.

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O tratamento atempado e cumprido de forma regular pelo doente melhora a qualidade de vida Pexels
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A insuficiência cardíaca é uma doença grave e crónica, que ocorre devido a uma alteração estrutural e/ou funcional do coração, sendo este incapaz de bombear o sangue com oxigénio e nutrientes para o corpo de forma adequada.

Pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum com a idade avançada. A prevalência na população adulta portuguesa foi estimada em 4,4%, atingindo 13% na faixa dos 70-79 anos e 16% acima dos 80 anos. Com o envelhecimento da população é expectável que estes números aumentem.

A insuficiência cardíaca é muitas vezes o resultado de vários problemas que afetam o coração ao mesmo tempo. As condições que podem levar à insuficiência cardíaca incluem:

  • doença coronária — onde as artérias que fornecem sangue ao coração ficam obstruídas com placas de gordura e cálcio (aterosclerose), o que pode causar angina ou enfarte agudo do miocárdio;
  • pressão arterial alta — isso pode sobrecarregar o coração, o que com o tempo pode conduzir à insuficiência cardíaca; condições que afetam o músculo cardíaco (miocardiopatia; pós-miocardite);
  • problemas de ritmo cardíaco (arritmias), como fibrilhação atrial;
  • doença das válvulas cardíacas;
  • condições genéticas; doença cardíaca congénita – defeitos do coração presentes à nascença que afetam o funcionamento normal do coração;
  • e consumo excessivo de álcool.

Mas quais são os sintomas a que deve estar atento? Cansaço, falta de ar com o esforço ou em repouso (mais tarde), falta de ar quando está deitado (e que melhora quando se senta na cama ou levanta) e inchaço das pernas (as duas; independentemente da temperatura ambiente) são os principais sintomas de insuficiência cardíaca. Na presença destes sintomas deve procurar avaliação médica.

Na insuficiência cardíaca descompensada pode haver agravamento repentino dos sintomas, como falta de ar súbita, o que pode levar ao internamento.

O diagnóstico precoce é fundamental para início do tratamento dirigido para melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos doentes com insuficiência cardíaca.

O diagnóstico da doença implica a avaliação dos sintomas pelo médico e a evidência de disfunção cardíaca através da realização de exames como o eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma e análises. Estão definidos três tipos de insuficiência cardíaca e para cada um deles um tratamento que deve ser instituído pelo seu médico.

E como se trata esta doença? O tratamento recomendado dependerá do tipo de insuficiência cardíaca e da causa subjacente, mas em geral inclui uma mudança de estilo de vida como, deixar de fumar, abstinência alcoólica, alimentação saudável e exercício físico. É fundamental a toma regular da medicação dirigida à insuficiência cardíaca, que pode incluir 4/5 medicamentos e que geralmente deve ser mantida toda a vida.

Em algumas circunstâncias pode ser necessária a implantação de dispositivos cardíacos, como pacemaker ou cardiodesfibrilhador (CDI) que controlam o ritmo cardíaco, a terapia ablativa de arritmias, cirurgia cardíaca ou um transplante do coração (em casos de insuficiência cardíaca avançada).

O tratamento da insuficiência cardíaca geralmente visa controlar os sintomas pelo maior tempo possível e retardar a progressão da doença. A cura pode ser possível quando há uma causa tratável. Por exemplo, se as válvulas cardíacas estiverem danificadas, substituí-las ou repará-las pode curar a condição.

O tratamento atempado e cumprido de forma regular pelo doente melhora a qualidade de vida e prolonga a vida do doente com insuficiência cardíaca. Este pode ter uma vida normal, se a insuficiência cardíaca estiver controlada. Para tal é fundamental a avaliação frequente com o seu médico, reavaliação com os exames necessários e otimização da medicação.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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