Fundadores do Bloco criticam PS e deixam apoio a Mortágua: “Somos a tua infantaria”

Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas, discursaram este sábado na convenção nacional do Bloco. Discursos focaram-se na situação económica, na governação socialista e na guerra na Ucrânia.

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Francisco Louçã e Fernando Rosas na convenção do Bloco de Esquerda MATILDE FIESCHI
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Quando Francisco Louçã iniciou o seu discurso fez-se silêncio na convenção nacional do Bloco de Esquerda. "Um ano depois [de o PS ganhar as eleições], a maioria absoluta é um fantasma", começou por dizer, questionando depois directamente o partido e os socialistas: "O que fizeram com a vitória e onde está a estabilidade em Portugal?"

Apontando a falta de estabilidade no sector da saúde, a inexistência de habitação e a inflação elevada que continua a afectar o país, Louçã atacou o Governo socialista ainda com mais força: "Palavra dada não foi palavra cumprida" e isso "enfraquece a República". "O desastre da maioria absoluta está a corroer a confiança democrática. E o perigo vem de dentro."

As intervenções dos três fundadores Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas foram alguns dos momentos altos da tarde e focaram-se na situação económica em que o país se encontra e no Governo de António Costa. Mas houve ainda espaço para deixar uma palavra de apoio à próxima líder, Mariana Mortágua, e abordar um dos temas mais "quentes" do dia: a Ucrânia.

O último a tomar a palavra foi Fernando Rosas e continuou a crítica ao Governo: "São os efeitos da maioria absoluta do PS que alimentam a extrema-direita".

O discurso baseou-se em três questões: "Existe um perigo real da extrema-direita em Portugal? Sim", disse. Isto porque há uma "manipulação do medo e da raiva" com origem no aumento do desemprego e precariedade, na queda dos salários e no colapso do SNS. Estamos perante "uma crise social fruto da rendição da maioria absoluta do PS", acrescentou.

Questionou então: "É possível combater o perigo da extrema-direita aceitando a governação do PS?". Não, porque é a actual maioria absoluta que a alimenta, respondeu. Então, "o que fazer?", questionou: lutar contra "o modelo de sociedade que o capitalismo neoliberal procura impor", lutando por uma vida digna e habitação e pela salvaguarda do SNS e da escola pública.

Para terminar, Rosas quis agradecer a Catarina Martins pelo que fez enquanto líder do partido e aconselhou-a a guardar "o fôlego porque a luta continua". O fundador aproveitou ainda para expressar o seu apoio a Mariana Mortágua, que será eleita líder do BE no domingo: quero "desejar-te lucidez e sorte. Sabes que podes contar connosco, somos a tua infantaria".

Já Luís Fazenda decidiu abordar a situação económica que o país atravessa. "A dívida portuguesa tenderá a crescer e a estrangular o investimento público", que actualmente já "está baixíssimo". "O estrangulamento do investimento público tem de terminar! Transição energética, educação, estado social… Tudo isto requer investimento", alertou o bloquista.

No final, Fazenda criticou os apoiantes da moção da oposição. "Não se pode dizer que queremos Putin fora" e depois dizer, em entrevista, que parte da Ucrânia pode tornar-se parte da Rússia. O bloquista falava da entrevista que Mário Tomé deu ao Observador, na qual mencionou que, na revolução russa, os bolcheviques aceitaram que a Alemanha ficasse com parte do território para alcançar a paz. "Se os ucranianos decidirem partilhar o território, essa decisão é dos ucranianos. Ou a esquerda respeita a autodeterminação dos povos, ou os fascistas avançam", concluiu Fazenda.

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