Mais dívida pública e despesismo

O Estado despesista e ineficiente continua de ano para ano a aumentar a sua dívida, sem que com isso os portugueses sintam melhorias nos serviços obtidos. Pelo contrário.

Com toda a pompa e circunstância e cheio de orgulho, Fernando Medina anunciou há cerca de um mês que a dívida pública portuguesa ficou em 113,8% do PIB no final de 2022, tendo considerado tal feito o valor mais baixo desde 2010. Em termos relativos é verdade, mas em termos absolutos a realidade é outra e está a uma distância superior a 90.000 milhões de euros.

Situando-se em mais de 270.000 milhões de euros no final de 2022, a dívida absoluta não para de aumentar. Só entre 2021 e 2022 aumentou cerca de 5000 milhões de euros.

Embora se perceba claramente a importância do valor da dívida relativa em relação ao PIB, o que realmente devemos é o valor absoluto. É este encargo que deixamos para as gerações futuras e não as percentagens. É sobre o valor absoluto que pagamos juros, que, como sabemos, se encontram em subida.

O Estado despesista e ineficiente continua de ano para ano a aumentar a sua dívida, sem que com isso os portugueses sintam melhorias nos serviços obtidos. Pelo contrário. Veja-se o que se passa por exemplo na saúde, em que nunca teve ao serviço tantos profissionais como atualmente e nunca encerraram tantos serviços por falta de meios.

É óbvio que o privilégio concedido na passagem das 40 horas de trabalho semanais para as 35, explica uma parte do problema, mas será que explica tudo? Provavelmente não. Existem questões ideológicas e de gestão que ajudam a explicar o resto. Veja-se por exemplo a situação do Hospital Beatriz Ângelo em Loures (infelizmente para o comum do cidadão, não é caso único). Quando era gerido pelos privados com base numa Parceria Público Privada (PPP) apresentava excelentes indicadores, sendo que até os funcionários publicamente demonstravam orgulho em lá trabalhar. O próprio Tribunal de Contas validou o desempenho do hospital. Desde o início de 2022 que está a ser gerido pelo Estado e encontra-se num caos e já se fala em voltar a ser gerido pelos privados. Apenas num ano passou do céu ao inferno.

Quando a ideologia suplanta as evidências e se prefere prestar maus serviços aos cidadãos, deitando-se ao lixo recursos de todos e servindo-se descontentamento, algo vai mal. Churchill insistia que se estudasse a história, porque era aí que todas as lições residiam. Em muitos casos basta recuar poucos anos.

É difícil perceber isto, ou é mesmo teimosia?

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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