Este foi o quarto Abril mais quente a nível mundial, com recordes em Portugal

Houve zonas mais frias do que o normal, mas Península Ibérica registou calor recorde. Temperaturas acima da média no Pacífico dão “sinais precoces” do El Niño.

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Portugal registou várias ondas de calor e temperaturas recorde em Abril Nelson Garrido/ARQUIVO
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O mês de Abril de 2023 foi o quarto mais quente a nível global desde que há registos e as temperaturas estiveram acima da média sobretudo no Sul da Europa, revela um relatório divulgado esta segunda-feira pelo serviço do programa europeu Copérnico para as alterações climáticas (C3S, na sigla em inglês). Em simultâneo, houve zonas do globo que registaram temperaturas mais baixas do que é normal para esta época, como aconteceu no Reino Unido, Alasca, Índia e Austrália. Porém, tudo somado, este foi o quarto Abril mais quente do mundo.

O mês de “Abril teve temperaturas quentes excepcionais em Espanha e em Portugal, acompanhadas de circunstâncias extremamente secas”, afirmou a vice-directora do C3S, Samantha Burgess. Portugal registou por vários dias temperaturas acima da média e o território de Espanha sofreu também com o calor e com os efeitos da seca.

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Como referido pelo programa, “Espanha e Portugal tiveram máximos de temperatura em Abril”. Em Mora, foi quebrado um recorde com 78 anos: o termómetro chegou aos 36,9 graus Celsius, quebrando o recorde anterior para esse mês, que datava de Abril de 1945. Além da Península Ibérica, os termómetros também registaram valores mais elevados do que o normal para a época em várias zonas de África, da Ásia central, do Japão e em várias regiões da América do Norte.

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Nos mapas divulgados pelo Copérnico, Portugal continental surge com cores avermelhadas que indicam temperaturas muito elevadas à superfície; além disso, todo o território apresenta também uma tonalidade castanha quando se avalia a seca, indicando condições de seca extrema. Os dados divulgados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em meados de Abril indicavam já que 10% do país estava em seca extrema, 18,6% em seca severa e 21,2% em seca moderada. Apenas 21,8% do território se encontrava sem falta de água.

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O Ministério da Agricultura e Alimentação reconheceu nesta segunda-feira que 40% do território nacional está em situação de seca severa e extrema: 40 municípios estão em seca severa e 27 em seca extrema. O ministério comunica ainda que houve um agravamento da intensidade da seca nos últimos meses, causado pelas temperaturas elevadas e pela falta de precipitação.

E não foi só na Península Ibérica que se registaram condições de seca “excepcionais”: tal aconteceu também no sul dos Alpes, em zonas do Sul de França, registando-se também regiões mais secas do que o normal no Noroeste da Escandinávia, em grande parte do Oeste da Rússia, em muitas partes dos Estados Unidos e do Brasil, segundo os dados do Copérnico. O mesmo aconteceu no Corno de África, onde as alterações climáticas tornaram a seca 100 vezes mais provável e estão a afectar milhões de pessoas.

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Nos dados divulgados pelo Copérnico há também um alerta quanto ao fenómeno climático El Niño: além da onda de calor registada no sul da Europa, foram observadas temperaturas acima da média ao longo do Pacífico equatorial oriental, o que é um sinal prévio de uma possível transição para condições do El Niño que levarão a temperaturas globais mais elevadas”, lê-se no relatório do programa europeu. No início de Maio, a ONU deixou um alerta (que se junta aos vários já feitos por outras instituições) para a probabilidade de o fenómeno El Niño se formar este ano, criando a possibilidade de mais recordes de temperatura em 2023.

Este programa Copérnico monitoriza indicadores relacionados com a temperatura do ar à superfície, a cobertura de gelo e variáveis relacionadas com a água usando milhões de dados recolhidos através de satélites, aeronaves, navios e estações meteorológicas​. No caso do gelo marinho da Antárctida, o relatório indica que esta extensão de gelo continua abaixo da média (-19%), o que significa que é o terceiro nível mais baixo para o mês de Abril desde que existem dados de satélite. No caso do Árctico, a extensão de gelo marinho esteve 3% abaixo da média.

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