PS destaca Salgado Zenha como “grande referência para todos os socialistas”

Antigo dirigente socialista e ex-candidato presidencial completaria esta terça-feira 100 anos de idade.

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Mário Soares e Salgado Zenha no Parlamento em 1978 ALFREDO CUNHA / LUSA

O PS recordou Francisco Salgado Zenha, no dia em que faria 100 anos, como uma “grande referência para todos os socialistas”, salientando o “muito que lhe deve na sua afirmação como grande partido nacional e popular”.

Em comunicado, o PS recorda o ex-candidato presidencial e dirigente socialista Francisco Salgado Zenha como um “cidadão exemplar, jurista eminente, resistente à ditadura” que, enquanto político, ocupou em democracia “cargos de enorme relevância”.

“Tudo o que Salgado Zenha fez ficou marcado pela coragem e a lucidez, pelo talento e o amor à liberdade”, lê-se no comunicado.

O partido recorda que, antes do 25 de Abril de 1974, Salgado Zenha lutou, “desde muito jovem, pela democracia e contra o autoritarismo”, tendo sido, em 1944, eleito presidente da Associação Académica de Coimbra, para, no ano a seguir, ser demitido porque a associação se recusou a “acompanhar o retiro da universidade numa visita de apoio e agradecimento a Salazar”.

“Durante os anos da ditadura, foi perseguido, preso e censurado. Defendeu presos políticos com invulgar destemor e espírito de solidariedade antifascista”, refere-se.

O partido destaca ainda que Salgado Zenha era o “amigo mais próximo e fraterno de Mário Soares e essa amizade foi plena de potencialidades e consequências políticas”, considerando que a luta dos dois “pela existência de um PS forte e prestigiado foi fundamental”.

Depois do 25 de Abril, o PS destaca que Salgado Zenha foi ministro da Justiça, tendo procedido à revisão da Concordata com a Santa Sé, “pondo fim à inaceitável disposição que impedia que alguém casado pela Igreja Católica se pudesse divorciar e voltar a casar civilmente”.

O PS salienta ainda que, durante a revolução, a “voz firme e clara” de Salgado Zenha fez-se “ouvir constantemente em defesa da democracia e contra a tentação totalitária”, dando o exemplo das intervenções do histórico socialista “no comício do PS contra a unicidade sindical”, “a exigir eleições livres para a Assembleia Constituinte, ou em defesa da legalidade democrática”.

“Eram os tempos em que o povo repetia nas ruas ‘Soares e Zenha não há quem os detenha’”, lembra o partido.

Já depois das eleições de 1976, ganhas pelo PS, o partido destaca a actuação de Salgado Zenha como líder parlamentar socialista, considerando-a “decisiva” e que ficou “marcada pelo brilho oratório e pela acutilância política”.

“Em 1985, depois de um longo período de divergências internas, Salgado Zenha deixou o PS para se candidatar à Presidência da República, nas eleições que Mário Soares venceu. E foi o Presidente Soares que, no dia 10 de Junho de 1990, na sua terra natal, em Braga, condecorou, com junto reconhecimento, Salgado Zenha com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade”, sublinha-se.

Contudo, “apesar das vicissitudes que levaram à sua saída do PS”, o partido defende que Salgado Zenha se manteve “sempre fiel às suas convicções e ideias: continuou a ser socialista e permaneceu como uma grande referência para todos os socialistas”.

“Neste dia em que assinalamos o centenário do seu nascimento e na altura em que comemoramos os 50 anos da fundação do PS, prestamos homenagem a Francisco Salgado Zenha e apontamos a sua vida de intrépido lutador pela liberdade e pelo socialismo democrático como um modelo a enaltecer e um exemplo a seguir”, conclui o comunicado.

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